Estudo traça perfil de sítios e revela desinteresse por agricultura familiar

Categoria: Geral | Publicado: sexta-feira, novembro 13, 2015 as 14:38 | Voltar

Mapeamento foi feito pela Unesp em parceria com a Prefeitura de Rio Claro.

Apenas 20% das 516 chácaras da cidade investem na produção de alimentos.

Um levantamento inédito do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) traçou o perfil das propriedades rurais de Rio Claro (SP) e deve permitir a implantação de políticas públicas para aumentar a renda das famílias que vivem no campo por meio da produção de alimentos e do turismo.

A pesquisa, feita em parceria com a Prefeitura, apontou que apenas 20% dos 516 sítios e chácaras com até 50 hectares têm agricultura familiar e que exemplos como o do casal Agenor Soares de Moura e Sueli Zamboni Soares são raros.

Eles mantêm uma propriedade de quatro hectares onde produzem frutas e verduras, e garantem que o trabalho compensa. “É o amor que a gente tem pelas coisas, pela plantação, pela terra, a gente faz com carinho mesmo”, disse Agenor.

A monocultura traz problemas ambientais e problemas de
ordem social também, ela não está gerando emprego"
Darlene Ferreira, professora da Unesp

Até pouco tempo, eles vendiam apenas para restaurantes. Agora, boa parte da produção vai para feiras e o casal também participa do Programa de Aquisição de Alimentos. “O meu pai foi agricultor. Quando criança, a gente ajudava muito os pais na roça, então essa era a minha paixão”, explicou Sueli.

Pesquisa
“Na realidade, o que a gente tem no município são propriedades herdadas há algum tempo e que estão lá como segunda residência, como áreas de lazer”, contou a professora Darlene de Oliveira Ferreira, coordenadora da pesquisa. “Nós não podemos, de maneira alguma, obrigar esses proprietários a fazer algum tipo de utilização, mas eles podem sofrer algum tipo de estímulo”, completou.

O levantamento revelou que mais de 50% das propriedades têm nascentes, uma boa notícia, mas mostrou também que a monocultura está presente em mais da metade das áreas analisadas e isso preocupa os pesquisadores.

“Quanto mais diverso é o espaço rural, menos ele sofre impactos ambientais. A monocultura traz problemas ambientais e problemas de ordem social também, ela não está gerando emprego”, justificou Darlene.

Exemplos como o do casal Sueli e Agenor são raros em Rio Claro (Foto: Paulo Chiari/EPTV)
Exemplos como o do casal Sueli e Agenor Soares
são raros em Rio Claro
Turismólogo da Prefeitura, Ronnei Grella comentou que, com o estudo, cabe à administração municipal adotar novas medidas.

“É agora a Prefeitura sentar com as demais secretarias e departamentos, analisar minuciosamente esse trabalho e começar a implantar ações para os pequenos proprietários rurais, valorizando assim esses pequenos proprietários”, disse.

E já há empresários aproveitando o potencial da cidade mesmo antes desses programas. Erick Zurita é um deles. Ele e o pai começaram a investir na produção de cachaça na região do bairro Mata Negra, a cerca de 20 km do Centro, e estão atraindo turistas interessados no restaurante montado pela família e, claro, na bebida.

Toda a produção é feita no local e a cachaça já ganhou duas vezes o título de melhor do país. “O processo inteiro de fabricação, desde o plantio da cana, os tratos culturais, passando pela fermentação, destilação, o envelhecimento, o engarrafamento, é tudo sem química nenhuma, todo o processo certificado, orgânico”, contou Erick.

Globo

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