Estudo da USP indica que Brasil pode expandir terras irrigáveis em 10 vezes

Categoria: Geral | Publicado: segunda-feira, dezembro 14, 2015 as 11:28 | Voltar

Com isso produção e oferta de alimentos podem triplicar em alguns cultivos. Pesquisa da Esalq em Piracicaba vai nortear o Plano Nacional de Irrigação.

Estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), campus da Universidade de São Paulo (USP) em Piracicaba (SP), aponta que o Brasil pode expandir, em 10 vezes, as suas terras irrigadas. Segundo os pesquisadores da instituição, a produção de alimentos chega a triplicar em alguns cultivos em áreas irrigadas. A técnica de é utilizada em apenas 6 milhões de hectares, mas poderia irrigar 61 milhões de hectares, especialmente na região Centro-Oeste.

"Temos 66 milhões de terras irrigáveis. Sempre se produz mais ao se irrigar", disse um dos coordenadores da pesquisa, Durval Dourado Neto. Segundo o estudo, os estados com maior área irrigada no Brasil são São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Juntos,  eles possuem cerca de 68% de toda a área irrigada atualmente.

A pesquisa mostou outro fato novo. O número apontado na análise é maior do que a previsão indicada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Para o órgão, segundo o pesquisador, o país possui 29 milhões de hectares irrigáveis. O G1 entrou em contato com a FAO para confirmar a extensão da área irrigável do Brasil e saber quais foram as metodologias aplicadas na medição das terras, mas não obteve retorno.

Alimentos
Questionado sobre quais cultivos e alimentos podem ser beneficiados, Durval Neto mencionou o feijão e o milho.

"O cultivo de feijão, se feito em agricultura de sequeiro, aquela onde o terreno recebe pouca chuva, costuma render até 800 quilos por hectare, mas quando irrigado pode chegar até 3 mil quilos por hectare", disse. No caso do milho, a produção pode dobrar, de 4 mil quilos por hectare para oito mil, segundo ele.

Ele alerta, entretanto, para a necessidade de se adotar um sistema de irrigação com viabilidade econômica. "O importante é conseguir produzir na mesma área de cultivo e em consonância com a economia e preservação. Por isso, é preciso avaliar se o ganho paga o investimento na técnica.

Importância como fornecedor
Durval Neto ressaltou a importância dos resultados da pesquisa para necessidades sociais emergentes. “Só há condição de preservar e melhorar a qualidade de vida onde temos agricultura irrigada. Já sabemos quanto podemos avançar, já estamos dando subsídios para que o governo faça um planejamento de longo prazo”, completou.

O acadêmico apontou ainda a necessidade de se investir em infraestrutura, estradas e geração de energia para que a expansão da área irrigável possa ser feita.

Prédio principal da Esalq da USP em Piraicaba  (Foto: Claudia Assencio/G1)
Prédio principal da Esalq, campus da USP
em Piraicaba (Foto: Claudia Assencio/G1)

“Para que haja preservação ambiental e justiça social, temos que gerar e distribuir riquezas, ou seja, acumular capital e propiciar desenvolvimento. A função da universidade é gerar conhecimento e transformar isso em recursos para o bem comum”, afirmou.

Em trecho do estudo, publicado pela Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem, os pesquisadores ressaltaram que ele ditará o ritmo da  expansão são as demandas interna e externa pela produção de alimentos e de matérias-primas. "Isso dará ao país a oportunidade de consolidar e ampliar sua importância como fornecedor de alimentos para o mundo".

Plano Nacional de Irrigação
A pesquisa da USP de Piracicaba, “Análise territorial no Brasil para o desenvolvimento da agricultura irrigada”, foi feita em parceria com o Ministério de Integração Nacional e vai nortear o Plano Nacional de Irrigação.

A Portaria nº 115, publicada no Diário Oficial da União, estabelece que, a partir de agora, todos os projetos públicos que envolvem o tema sejam planejados e implantados conforme o estudo, que avaliou 168,8 mil bacias hidrográficas do país.

O resultado do estudo foi apresentado à ministra a Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, durante encontro com o diretor da Esalq, professor Luiz Gustavo Nussio no mês de outubro em Brasília.

G1

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