MAIS DE 1 MILHÃO DE HA JÁ QUEIMARAM NO ESTADO, FOCOS AUMENTAM E NÃO HÁ PREVISÃO DE CHUVAS; GOVERNO APELA À POPULAÇÃO E PREPARA ESTRUTURA PARA COMBATE
Campo Grande (MS) – O governo do Estado anunciou Situação de Emergência em Mato Grosso do Sul devido à estiagem prolongada, baixa umidade do ar e ao aumento dos focos de incêndio dos últimos dias. O anúncio foi feito pelo secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (11), na Sala de Situação da Defesa Civil localizada no prédio da TV Educativa.
A medida será publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (12) e se estende por 180 dias, podendo ser revogada antes desse prazo. Mas o governo federal já foi antecipadamente informado, inclusive com toda documentação necessária encaminhada, para que se tomem os procedimentos cabíveis. Verruck disse que, com a decretação de Situação de Emergência, o governo federal poderá destacar aeronaves das Forças Aéreas e contingentes militares para ajudar no combate aos incêndios. O Estado também articula uma força-tarefa com homens da Defesa Civil, Ibama, Corpo de Bombeiros e as estruturas de combatentes de empresas privadas.
A decisão foi tomada pelo governador Reinaldo Azambuja na noite de ontem (10), segundo Verruck, após analisar os últimos dados coletados pela Sala de Situação da Defesa Civil. Desde o dia 1º de agosto até 9 de setembro foram queimados 1,027 milhão de hectares, a maior parte no Pantanal. Não há previsão de chuvas até o fim do mês, conforme assegurou a coordenadora do CEMTEC/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima, órgão vinculado à Semagro), Franciane Rodrigues. As médias de precipitações estão abaixo do esperado em todo Estado e só deve chover com regularidade em novembro, segundo ela.
Queimadas criminosas
Nos últimos dias a Sala de Situação da Defesa Civil detectou um aumento brusco no número de focos de incêndio, o que acendeu o alerta. A maioria dos focos se concentra na região do Pantanal, porém já ocorreram incêndios em praticamente todos os municípios, conforme demonstrou o coordenador da Defesa Civil, coronel bombeiro Fábio Catarinelli. O resultado chega em forma de uma densa nuvem de fumaça que piora a qualidade do ar e provoca doenças respiratórias.
Verruck lembrou que, desde 1° de agosto, está proibido qualquer tipo de queimada no Estado. A resolução que trata do assunto foi editada em 2014; a proibição se estende até 30 de setembro, com exceção da região do Pantanal, onde as queimadas são vedadas até 31 de outubro. Segundo o secretário, verifica-se que 90% dos focos de incêndio foram provocados, o que torna importante a conscientização das pessoas para controlar a situação.
“Não coloquem fogo em nada, é importante que as pessoas tenham essa consciência. Nem no lixo, nem no terreno baldio porque uma fagulha pode provocar um incêndio de grandes proporções. Além disso, pedimos que as pessoas informem os órgãos competentes, os bombeiros, a Defesa Civil, o Ibama, as prefeituras, para que sejam acionadas as brigadas de imediato quando comece um foco”.
O mapa da Sala de Situação mostra muitos focos concentrados na terra indígena Kadwéu, na região do Pantanal. Já há brigadas atuando no local para controlar o incêndio, afirmou o secretário. Por enquanto não existe foco em unidades de conservação do Estado, porém no Parque Nacional da Serra da Bodoquena, que é federal, tem um incêndio há dias. A preocupação também é com um foco que se encaminha para uma reserva ambiental na Fazenda Caiman, no Pantanal. Verruck disse que uma aeronave dos bombeiros já fez sobrevoo no local para analisar qual a melhor estratégia de combate e uma equipe se desloca por terra com essa finalidade.
Presente à coletiva, o presidente da Famasul (Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul), Maurício Saito, elogiou a iniciativa do Estado e as medidas adotadas e colocou o Sistema Famasul à disposição para apoiar, sobretudo fazendo com que a informação chegue a todos os produtores rurais por meio dos sindicatos e associações filiadas em todo Estado. Saito disse que nem as queimadas, nem a seca provocam, nesse momento, danos econômicos aos produtores rurais, porém se a chuva demorar até novembro, conforme as previsões, o plantio da soja vai atrasar, o que pode resultar em redução na produtividade.