A idéia de cultivar a terra dentro das cidades não é nenhum sonho hippye como alguns podem pensar ao ouvir tal proposta pela primeira vez. A iniciativa hoje, na verdade, já se configura uma alternativa rentável para dezenas de famílias na capital mato-grossense que participam do projeto Quintais Produtivos, desenvolvido pelo Espaço Vitória, um dos projetos do Instituto Cidade Amiga.
A iniciativa do projeto Espaço Vitória conta com patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental, e incentiva o gerenciamento de resíduos orgânicos consorciado com a produção agroecológica de hortaliças, gerando renda para várias famílias. O projeto contribui ao mesmo tempo para a difusão de conhecimento sobre a permacultura, o desenvolvimento social e econômico e a ampliação da consciência ecológica da sociedade.
O projeto Quintais Produtivos, gerou a cooperativa Conexão Verde Vitória e beneficiou, desde seu lançamento, mais de 250 famílias em risco social residentes em bairros da periferia cuiabana e se tornou uma referência na área de hortas urbanas no estado.
Segundo Paulo Wagner, entre os primeiros adeptos da agricultura urbana existiam famílias que eram agricultoras desalojadas de suas comunidades rurais pela concentração de terras nas mãos dos grandes produtores e tradings do agronegócio, empurradas para os bairros pobres da periferia cuiabana, bem como por famílias que moravam em áreas que tinha uma prática agrícola consolidada mas que acabaram “engolidas” pelo processo de expansão da zona urbana da capital.
Atualmente, este perfil já começa a sofrer rápida mudança. Paulo Wagner aponta que o cultivo de hortas, jardins medicinais e pequenos pomares orgânicos dentro da cidade tem ganhado a adesão de pessoas que, por meio do conhecimento e do desejo de práticas e hábitos mais saudáveis, estão buscando cultivar a própria comida de uma forma menos agressiva à natureza, autosustentável e natural.
Por meio da oferta de cursos e palestras periódicas, o “Espaço Vitória” tem auxiliado os interessados em transformar seus quintais e jardins em espaços aptos à produção de alimentos (hortaliças, legumes e frutas) orgânicas. Nos cursos e palestras, os participantes aprendem, entre outras coisas, a importância da destinação e aproveitamento dos resíduos sólidos orgânicos que podem ser transformados em compostagem para adubação natural, os riscos do uso de pesticidas, bem como as práticas ambientalmente corretas de produção de alimentos em pequenas áreas urbanas.
Para o dirigente da ONG Instituto Cidade Amiga, Cuiabá é uma cidade privilegiada geográfica, ambiental e culturalmente para o cultivo urbano de alimentos. “Um programa mais amplo, adotado como uma política de governo, poderia transformar Cuiabá em pouco tempo, na campeã nacional de produção de alimentos orgânicos em zona urbana. Áreas para isso é o que não falta com tantos vazios na zona urbana e com a cultura dos quintais que é tão característica de nossa capital”, defende Paulo Wagner.
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