A equipe de pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA (Tietê, SP) e da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) participam de projeto que propõe a construção de métricas para avaliar a sustentabilidade do sistema de produção de cana-de-açúcar no centro-sul do país (Projeto SustenAgro). Dentre esses resultados, foi dado destaque à análise dos dados da produção e suas condicionantes, no estado de São Paulo, maior produtor nacional – 56,2% da produção e, na safra 2013/14, 83,7% da sua área com cana foi colhida sem queima.
Com os avanços tecnológicos, a modernização do setor e a disseminação da informação para sociedade, o uso da queima como método de despalha tem sido substituído pela mecanização da colheita. Dessa forma, houve pressão da sociedade e do Ministério Público Federal para a erradicação da queima para fins de pré-colheita por meio da adoção de políticas públicas que regularam o tema.
A Lei Estadual 11.241/2002 estabeleceu prazos para o fim dessa prática. Assim, o governo do estado de São Paulo, por meio das secretarias do Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento, com o objetivo de antecipar os limites estabelecidos pela lei, assinou um protocolo de intenções em 2007, com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e em 2008, com a Organização de Plantadores de Cana da Região centro-sul do Brasil (Orplana), denominado Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético Paulista, criando um cronograma de eliminação da queima, com a ampliação da mecanização da colheita para os signatários (usinas e fornecedores), dentre outras diretivas agroambientais.
Conforme a pesquisadora Kátia de Jesus, da Embrapa Meio Ambiente, “esse estudo desenvolvido a partir do levantamento de dados e informações, junto às usinas signatárias como também aos agentes que atuam na cadeia de produção, tinha como objetivo, principalmente, elucidar o processo de mudança no sistema de produção a partir da colheita manual versus a colheita mecânica e os impactos desta mudança para os fornecedores da região de Piracicaba (SP)”.
A alteração no sistema demandou adequações profundas da gestão no campo, resultando em novas formas de sistematização do solo para ajustar o uso intensivo de máquinas.
Embora as perspectivas do setor sejam favoráveis, em função do potencial de suprir uma demanda crescente de energia de modo mais sustentável, o setor tem sentido os impactos das mudanças climáticas globais, as dificuldades impostas pela nova forma de plantar e colher, as oscilações nos preços, carecendo de uma reestruturação operacional para que volte aos patamares de produção condizentes com o seu grau de importância. Para isso, são necessárias novas estratégias e ferramentas que possibilitem orientar políticas públicas que possam corrigir o percurso e possibilitar que tanto fornecedores quanto usinas retomem o crescimento de modo sustentável.
Esses resultados foram publicados na revista Informações Econômicas, SP. (v. 45, n. 2, mar./abr. 2015) com autoria de Sérgio Torquato, pesquisador da APTA (Tietê, SP), Catiana Zorzo, da UFSCar e Embrapa Meio Ambiente e Katia Jesus, da Embrapa Meio Ambiente (Assessoria de Comunicação, 15/12/15)