Uma das fases cruciais na produção da banana com qualidade e quantidade é o desperfilhamento ou desbrota da bananeira, trabalho que consiste na eliminação dos brotos (perfilhos) que nascem em abundância em cada touceira. Para essa atividade, um equipamento inovador está entrando no mercado brasileiro no primeiro semestre de 2016. Desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (AM), o desperfilhador por roto-compressão facilita o trabalho do agricultor, por ser mais ergonômico e eficiente do que a “Lurdinha” – ferramenta utilizada em todo o País desde a década de 1970.
Em testes realizados no Município de Presidente Figueiredo (AM), em área de produtores de banana, o novo equipamento apresentou eficiência 20,35% maior na eliminação total dos perfilhos, se comparado à “Lurdinha”. Com o desperfilhador por roto-compressão, apenas 0,73% de uma mostra de mil perfilhos voltaram a brotar. O percentual de rebrota com a “Lurdinha” chegou aos 22,52%.
A eficiência também se dá no tempo de trabalho. O novo equipamento agiliza o trabalho do agricultor. Nos testes, para eliminar mil perfilhos com a “Lurdinha” foram necessárias quatro horas e 44 minutos. Com o novo desperfilhador a economia de tempo foi de quase uma hora.
“O equipamento irá contribuir para o sistema produtivo da banana, baseado na agricultura familiar. Esta inovação trará, sobretudo, aumento de produtividade da mão de obra, maior eficiência no processo de desperfilhamento e também melhoria nas condições de trabalho, por ser uma ferramenta mais ergonômica e de menor esforço operativo”, destacou o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi.
Empresas licenciadas
Até o momento, duas empresas atenderam a todos os requisitos estabelecidos pela Embrapa e estão licenciadas para fabricar e comercializar o equipamento: a Marcassio, de Atalanta (SC), e a Authomathika, de Sertãozinho (SP). Nominado tecnicamente como desperfilhador por roto-compressão pelos pesquisadores da Embrapa, o produto vai chegar ao mercado com nome comercial diferente. Uma tendência nas duas empresas credenciadas é designar o novo instrumento de “Nova Lurdinha”, para que o consumidor assimile mais facilmente o nome e o associe à funcionalidade da antiga ferramenta.
Ambas as empresas vislumbram que o equipamento esteja estabelecido no mercado já no primeiro semestre de 2016. Conforme o representante da Marcassio, Ricardo Rodrigues, a expectativa para comercialização do produto é grande. “O equipamento é moderno e prático. Seu funcionamento é simples e sua eficiência e aplicação são de grande valia. Tenho certeza de que essa novidade vai facilitar a vida do produtor e consequentemente aumentar a produtividade, bem como a vida útil dos bananais”, disse.
“O desperfilhador por roto-compressão é uma revolução. Sabemos que a desbrota é uma atividade intensa no manejo do bananal e este aparelho facilitará muito o manejo, trazendo maior facilidade, menor erro de utilização, melhor rendimento e, consequentemente, maior retorno financeiro ao agricultor. Temos a expectativa de que ele será muito bem aceito por agricultores que, de forma profissional, manejam sua agricultura. Muitos testes já foram executados, adaptações, e os resultados são muito bons, promissores, e certamente o equipamento vai ganhar a atenção dos agricultores”, reforçou o representante da Authomathika, Antonio de Gusmão.
Funcionamento do desperfilhador
O desperfilhador por roto-compressão funciona apenas com a força do operador, não sendo necessária qualquer energia complementar, como baterias ou eletricidade. Para começar o trabalho, o operador deve segurar o guiador do equipamento com as duas mãos e colocar a extremidade inferior no perfilho já cortado, onde fica a gema apical. Esta extremidade inferior do desperfilhador é formada por uma broca, semelhante a uma pua com rosca sem fim. Com a aplicação da força do operador para baixo, uma mola do desperfilhador é comprimida, fazendo a broca girar e penetrar o perfilho, destruindo sua gema apical. Com a utilização do desperfilhador, acontece o dilaceramento dos tecidos da gema apical; já com a “Lurdinha”, essa gema é retirada.
O desperfilhamento
A bananeira produz grande número de perfilhos (brotos), o que resulta em quantidade elevada de plantas em cada touceira. A competição entre elas reduz a produção do bananal e a qualidade dos frutos. Para que a produção seja mantida da forma ideal, é fundamental realizar o desperfilhamento, conduzindo a touceira com uma mãe, um filho e um neto. Assim, o agricultor deve selecionar os perfilhos vigorosos e eliminar os demais. O desperfilhamento, apesar de simples, é crucial para o sucesso do plantio e aumenta a vida útil dos bananais.
O grupo da Embrapa Amazônia Ocidental que desenvolveu o equipamento é formado pelos pesquisadores Luadir Gasparotto, José Clério Rezende Pereira e Adauto Maurício Tavares, e pelo técnico de laboratório Ricardo Pessoa Rebello.
Cultura da Bananeira
A cultura da bananeira (Musa spp.) ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas e a terceira posição em área colhida no Brasil. A safra brasileira corresponde a 7,1 milhões de toneladas para uma área colhida de 497.330 hectares, distribuídos entre cerca de 70 mil produtores, conforme dados do Agrianual (2015).
Serviço
O desperfilhador por roto-compressão poderá ser adquirido nas lojas agropecuárias especializadas e nos sites das empresas: www.marcassio.com.br e www.authomathika.com.br. A Marcassio está localizada em Atalanta (SC), na Avenida Dr. Ernesto Beck, nº 49, Centro, CEP 88410-000. O telefone para contato é (47) 3535-0151. A Authomathika fica em Sertãozinho (SP), na Rua José Batista Soares, nº 137, Cidade Industrial, CEP 14176-119. O telefone é o (16) 3513-4000.
Conforme a analista da Embrapa Elizângela Carneiro, o licenciamento das duas empresas é sem direito de exclusividade. Assim, outras empresas que tiverem interesse em produzir e comercializar a ferramenta podem entrar em contato com a Embrapa Amazônia Ocidental, que fica em Manaus (AM), na Rodovia AM-010, Km 29. Telefones para contato com o Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias, para verificação dos trâmites do processo de obtenção do direito de produção e comercialização, são (92) 3303-7800 e 3303-7834.
Felipe Santos da Rosa (MTb 14406/RS)
Embrapa Amazônia Ocidental
amazonia-ocidental.imprensa@embrapa.br
Telefone: (92) 3303-7852