Pesquisadores da Embrapa, da Universidade do Minho (Portugal) e da Universidade Federal do Ceará, iniciaram um projeto para desenvolver embalagens bioativas a partir de celulose bacteriana. O projeto bilateral tem apoio do CNPq e da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal.
Além de estudar o desenvolvimento de filmes contendo compostos bioativos, o projeto pretende pesquisar a aplicação da celulose bacteriana como aditivo alimentar, como espessante, modificador de textura e como fibras para a redução do aporte calórico dos alimentos. O estudo prevê o desenvolvimento de celulose bacteriana a custo competitivo a partir de meios de cultura de base agrícola. Os pesquisadores querem, também, estudar a desconstrução do material para obtenção de nanocelulose.
A celulose bacteriana vem atraindo a atenção do meio científico e tecnológico pelo fato de ser biocompatível, atóxica, não alergênica, apresentar alta porosidade, elevado grau de polimerização, baixa densidade e alta capacidade de absorção e retenção de água. As características da celulose bacteriana permitem aplicações nas indústrias têxtil, alimentícia, de aparelhos eletroacústicos, na medicina, na odontologia e até mesmo para o desenvolvimento de materiais empregados em placas blindadas e coletes à prova de balas.
O professor Miguel Gama, do Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IBB) da Universidade do Minho (Portugal), esteve em Fortaleza para dar início aos trabalhos do projeto, que terá duração de dois anos. Na ocasião, ele proferiu duas palestras, nos dias 29 de janeiro e 02 de fevereiro, na Embrapa Agroindústria Tropical, sobre as aplicações da celulose bacteriana. Há pelo menos dez anos, o IBB pesquisa a celulose bacteriana, com vários projetos em curso. O grande objetivo é desenvolver tecnologias que viabilizem a produção industrial.
Miguel Gama explicou que diferente da celulose vegetal que vem acompanhada de outros materiais, a celulose bacteriana apresenta elevado grau de pureza. Além disso, detém maior capacidade de absorção de água. Essas características fazem da celulose bacteriana mais interessante para determinadas áreas – como a medicina por exemplo – que a celulose vegetal.
Verônica Freire (MTb 01125/JP)
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