Dois tipos de sensores desenvolvidos pela Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) para determinar a umidade do solo no campo e em jardins e, assim, evitar a irrigação desnecessária, excesso ou falta de água serão apresentados nesta quinta-feira, dia 19, a cerca de 70 produtores da agricultura familiar de Cândido Rodrigues, na Região Central do Estado de São Paulo.
A proposta de apresentar os sensores de baixo custo para irrigação é potencializar a produção de frutas e hortaliças, evitar a intersafra e, assim, poder trabalhar com escala direta o ano todo. “Para isso, os agricultores precisam ser capacitados no uso de novas tecnologias e também melhorar a qualidade dos produtos”, diz o chefe da Casa da Agricultura, o engenheiro agrônomo Francisco Antônio Maruca.
Cândido Rodrigues, cuja população tem em torno de 2600 habitantes (um quarto na zona rural) conta com 200 propriedades de cerca de 13 hectares cada, voltadas à agricultura familiar, nas quais são produzidas, principalmente frutas e hortaliças, entre elas, limão, manga, carambola, goiaba e, mais recentemente, o abacate. De acordo com o chefe da Casa de Agricultura da cidade, as frutas representam o carro-chefe da base econômica do município.
Entre as frutas que mais se destacam estão o limão, com a produção de mais de um milhão de caixas por ano, seguida da goiaba com 39 mil e carambola com 33 mil caixas. Além das frutas, a região produz pimentão – 2 mil caixas/ano – e pepino – 1.200 caixas. Segundo Maruca, a produção é destinada aos centros de abastecimento de Campinas e São Paulo e gera uma renda de cerca de R$ 80 mil anualmente para cada produtor rural.
Os sensores Diédrico e IG serão apresentados, a partir das 13 horas, no Centro de Exposições da cidade, durante o curso “Manejo de irrigação em frutas e hortaliças – HF”. O evento é organizado pela Coordenaria de Assistência Técnica Integral (Cati), Casa de Agricultura de Cândido Rodrigues e Regional de Jaboticabal, em parceria com o Sebrae/SP e Copercitrus.
Sensores
O pesquisador Adonai Gimenez Calbo, responsável pelo desenvolvimento das tecnologias, e Luis Fernando Porto, diretor da Tecnicer, uma das empresas licenciadas para produção e comercialização dos sensores, vão explicar e demonstrar o funcionamento dos aparelhos aos produtores rurais.
De acordo com o pesquisador, os sensores podem até operar sem uso de energia elétrica e não sofrem com a salinidade, o que ocorre com a maioria das tecnologias convencionais. Eles ajudarão produtores rurais e donas de casas que cultivam plantas em vasos e em mini-hortas. Os instrumentos servem para qualquer tipo de cultura e podem ser adaptados a todas as regiões do país.
Há dois meses os sensores ganharam complementos – o regador de vasos e um indicador de irrigação inteligente. Os dois recipientes funcionam acoplados aos sensores para determinar a umidade do solo em campo ou em jardins e têm fabricação dedicada, de acordo com cada grupo de cultura.
As garrafas rígidas de plástico reciclável para a rega de vasos de plantas, flores e estufas de pequeno porte estão sendo desenvolvidas em duas versões, com capacidade para 500 ml e 1 litro de água. O conjunto – sensor e garrafa – está sendo comercializado entre R$ 25,00 e R$ 30,00, dependendo da região do país.
Funcionamento
O lançamento das duas soluções tecnológicas, ocorrido em setembro, é resultado de dois anos de parceria entre a Embrapa Instrumentação e a empresa Tecnicer Tecnologia Cerâmica Ltda.
Para uso doméstico, o diretor da Tecnicer, Luiz Fernando Porto, recomenda o rega vasos. A operação é simples e consiste em encher a garrafa com água limpa até o nível indicado no frasco, enterrar o sensor cerâmico (IG) até a metade da altura do vaso, deixando o respiro para fora do solo.
“A garrafa deve ser bem apoiada sobre o solo. Então, quando o solo estiver seco, bolhas de ar entrarão no interior da garrafa e automaticamente a rega terá início, por meio de um furo no fundo da garrafa, protegido por uma espuma”, explica o engenheiro. Quando o conjunto de solo-sensor estiver úmido, a rega será interrompida automaticamente.
Destinado ao uso agrícola, o indicador de irrigação é para estufas de pequeno e médio porte, por exemplo, e segue praticamente o mesmo modo operacional do rega vasos, com a diferença de que vai indicar ao produtor a necessidade de irrigar ou não. Assim, ele poderá acionar o sistema de irrigação.
O Sensor IG deve ficar enterrado até a profundidade média das raízes da planta que está sendo cultivada. “Se o solo estiver seco, bolhas de ar entrarão no interior da garrafa, apontando a necessidade de irrigação. Sem bolhas, sem precisão de água”, lembra Porto.
Joana Silva (MTB 19554)
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