Campo Grande (MS) – A multinacional russa Acron avançou nas negociações com a Petrobras nas tratativas que envolvem a aquisição e conclusão das obras da UFN 3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados), em Três Lagoas. Em visita ao secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), realizada na quarta-feira (14), os executivos da Acron, Ivan N. Antonov (CEO Advisor) e Georgy Kaptyushkin, do Departamento de Desenvolvimento Corporativo, expuseram a situação atual do processo com a estatal brasileira. A reunião contou com a presença do presidente da MS-Gás, Rudel Trindade, do superintendente de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo da Semagro, Bruno Gouvêa e da coordenadora de Cooperação Internacional e Comércio Exterior, Camila Tiemann.
“Os executivos da Acron nos procuraram para colocar o Governo do Estado a par do processo relativo à aquisição da UFN 3. Segundo a multinacional russa, a partir do momento em que eles fecharem o contrato com a Petrobras, eles devem retomar as obras da fábrica no prazo de um ano. Há uma certa preocupação com a demora na consolidação desse processo, que ainda depende de questões judiciais, mas as sinalizações do presidente eleito têm surtido efeito positivo junto aos russos. A Acron também nos informou que deverá contratar empresas brasileiras para concluir a obra. Esta, depois de iniciada, deve demorar mais um ano para ser concluída. A estimativa do Governo do Estado é de que seja necessário o investimento de 1 bilhão de dólares para o término da fábrica”, informou o secretário Jaime Verruck.
Ainda de acordo com o titular da Semagro, “toda situação documental envolvendo a administração estadual e a Petrobras, está ordem. Vamos agora intensificar a ação política junto ao governo federal, em parceria com a bancada do Estado para que esse processo de desinvestimento da Petrobras seja finalizado. A conclusão da obra dessa indústria de fertilizantes é considerada prioridade pelo governo do Estado por sua importância estratégica sob o ponto de vista do desenvolvimento econômico”.
Quando entrar em operação, a UFN 3 deverá produzir 1,2 milhão de toneladas/ano de ureia. A demanda brasileira, no entanto, chega hoje a 6,7 milhões de toneladas/ano de ureia. “De olho nesse mercado, a Acron já iniciou as conversações com a YPFB, estatal boliviana que atualmente produz 1 milhão de toneladas/ano de ureia na planta de Bulo Bulo. Os russos já tratam da possibilidade de criar uma ‘joint venture’ com os bolivianos para atender o mercado de ureia brasileiro. A perspectiva é de que Mato Grosso do Sul se torne um polo estratégico na questão da ureia”, finalizou o secretário Jaime Verruck.
Petrobras e Acron
Em maio deste ano, as negociações entre a Petrobras e a Acron foram anunciadas pela estatal em comunicado de Fato Relevante referente ao processo de alienação integral de sua participação acionária na UFN 3. No comunicado, a Petrobras informava que a Acron é uma empresa Russa com foco na produção e comercialização de fertilizantes, com vendas em mais de 60 países. Em 2017, o volume de vendas atingiu mais de 7,3 milhões de toneladas, com receitas consolidadas de US$ 1,6 bilhão e EBITDA de US$ 511 milhões de acordo com o International Financial Reporting Standards (IFRS). A Acron é uma sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores de Moscou e de Londres.
As obras da fábrica em Três Lagoas começaram em 2011 e foram paralisadas em dezembro de 2014, com 81% concluídas, quando a estatal rescindiu contrato com o consórcio responsável pela construção alegando não cumprimento do contrato. Assim que concluída, a unidade terá capacidade para produzir 3.600 toneladas/dia de ureia, 2.200 toneladas/dia de amônia e 290 toneladas/dia de gás carbônico.
Publicado por: