Na semana passada morreram à fome mais cinco pessoas na cidade cercada na Síria, segundo um relatório das Nações Unidas. É o caso mais grave entre as cerca de 15 cidades sitiadas no país.
Na cidade síria de Madaya, de 42 mil habitantes, sitiada há meses por forças governamentais, um biscoito chega a custar quase 14 euros e um quilo de leite em pó para bebé vende-se por 287 euros, alerta a ONU.
“Desde 11 de Janeiro, apesar da assistência oferecida, houve cinco mortes devido à subnutrição grave em Madaya”, lê-se no último relatório das Nações Unidas, publicado no domingo.
Há dezenas de pessoas a necessitar urgentemente de ajuda para sobreviver, mas os trabalhadores da ONU e do Crescente Vermelho sírio ainda só conseguiram ainda resgatar dez pessoas, segundo o relatório citado na agência Reuters.
Na sequência da entrada de duas colunas humanitárias na cidade, depois de meses de cerco, funcionários das organizações não-governamentais no terreno relataram 32 mortes devido à subnutrição.
De acordo com a ONU, há 450 mil pessoas presas em 15 locais sitiados por todo o país em zonas controlados alternadamente pelo governo sírio, pelo autodenominado Estado Islâmico e por outros grupos rebeldes.
As organizações no terreno, citadas pela agência Reuters, têm dado conta de um cenário devastador, com centenas de pessoas em perigo de vida devido à subnutrição e dezenas de mortes.
Na sexta-feira, a UNICEF alertou que em Madaya, das 25 crianças observadas pelos seus profissionais, 22 exibiam sinais de subnutrição “moderada a grave”.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na quinta-feira que as forças no terreno estão a cometer “atrocidades” e condenou o uso da fome como arma de guerra num conflito, que se arrasta há quase cinco anos.