Enquanto a safra de grãos da América do Sul é afetada negativamente pelo fenômeno do El Niño, o clima também desfavorece regiões produtoras de açúcar e cacau. De acordo com estudo especial divulgado pela consultoria INTL FCStone, ainda há muitas decisões importantes a serem tomadas para as novas safras e desfechos de outras ao redor do mundo, mas o clima continua no radar das commodities.
No caso dos grãos, o clima tem sido bastante irregular em regiões produtoras. Durante o período de plantio, a estiagem foi longa nos estados do Centro-Oeste, em especial no Mato Grosso, e também no Nordeste, na região conhecida como Matopiba (que abrange os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
“Como essas áreas juntas correspondem a mais de um terço da produção brasileira, a preocupação com possíveis perdas e atraso no plantio movimentou os preços internacionais”, avalia a coordenadora de Inteligência de Mercado da consultoria, Natália Orlovicin. No primeiro trimestre de 2016, o desenrolar do clima na América do Sul continuará influenciando os mercados, uma vez que será o fator determinante do tamanho da safra dos países.
Já para o cacau, estimativas de déficit no saldo produtivo em 2015/16, capaz de colocar os estoques do produto nos menores valores em 10 anos, tendem a manter os preços elevados em 2016. Todavia, a retração da demanda sazonal no início do ano e o fraco crescimento econômico europeu, pode amenizar momentaneamente a situação dos estoques e pressionar os preços no curto prazo.
Ainda segundo a consultoria, permanecem altistas as perspectivas para a safra 2015/16 do açúcar com a consolidação da expectativa de déficit global na casa de 5,6 milhões de toneladas. O analista João Paulo Botelho explica que, entre os motivos para o déficit na temporada iniciada em outubro, estão a falta de investimentos em expansão da capacidade produtiva nos últimos anos e os efeitos do El Niño. “As secas debilitaram a produção na Índia e o elevado volume de chuvas dificultou o aproveitamento da safra do Centro-Sul brasileiro”, ressalta.
Com relação à taxa de câmbio, a INTL FCStone espera um cenário mais neutro, com leve viés de alta, especialmente pela possível piora dos fundamentos da economia brasileira e pela expectativa de cenário político instável no primeiro semestre. “O mercado externo deve prover influências mistas, com a inflação dos EUA sendo o principal determinante da taxa de juros norte-americana, e consequentemente, do dólar”.
Além do impacto climático, a situação econômica mundial também deve ter seu efeito sobre as commodities. Isso porque a continuidade da desaceleração chinesa afeta diretamente a demanda e, consequentemente, os preços, que podem ser cada vez mais pressionados.