O ano de 2015 para a economia brasileira e mato-grossense foi “apertado” e a tendência, ao menos no primeiro semestre de 2016, é “piorar”, conforme o próprio setor produtivo. Como o Agro Olharcomentou recentemente, os maiores impactos sentidos pelos produtores foram quanto ao aumento do custo de produção e o atraso na liberação de recursos do Plano Safra, além dos pedidos de recuperação judicial por parte de grandes grupos, como o Grupo JPupin e o Grupo Pinesso.
Em 2016, a agricultura tende a sentir mais o choque da economia nacional, que deverá ser agravado em função das condições climáticas, como é o caso de Mato Grosso, onde já se projeta perdas de R$ 1 bilhão com a redução da perspectiva de colheita em um milhão de toneladas.
Conforme o advogado especialista em recuperações judiciais, Bruno Oliveira Castro, a dolarização no mercado do agronegócio, somada a variação de preços, os fatores climáticos e o fluxo da produção são constantes preocupações no setor produtivo. O especialista pontua ser “necessário rever as políticas de garantia, de preços e do seguro rural”.
“A dívida rural de muitos produtores se acumula há mais de 10 anos com incontáveis renegociações. Este cenário fica pior ao considerarmos que o produtor independente do seu porte, ao buscar recurso para o plantio, pactuou o pagamento na moeda americana que representava em real entre R$ 1,80 a 2,70. Em decorrência da falta de credibilidade que perdemos no mercado externo e interno em razão da má gestão financeira nacional, especialmente a corrupção, fez com que o dólar disparasse a patamares superiores a R$ 4,00. Com isto, é perceptível que a dívida no agronegócio dobrou. Não há margem de lucro que supere esta realidade”, pontua Bruno Oliveira Castro.
Conforme o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, em recente entrevista ao Agro Olhar, a efetuação de pedidos de recuperação judicial no campo “reflete a crise do nosso país. É um problema, porque uma recuperação judicial não é algo fácil. É uma dificuldade que se tem. É um negócio muito ruim. Isso mostra na prática a crise”.
O setor produtivo, de acordo com o advogado especialista em recuperações judiciais, Bruno Oliveira Castro, merece um olhar ‘mais sensível’, uma vez que “A atividade rural cumpre um relevante papel socioeconômico, uma vez que produz bens e serviços importantes para o desenvolvimento humano, gerando com isso, arrecadação tributária para os Estados, e principalmente gera empregos diretos e indiretos dos trabalhadores. Equilibrando as contas públicas e a balança comercial”. O especialista destaca, ainda, que “É da atividade rural e empresarial que depende, diretamente, a maior subsistência da população ativa do país, através principalmente do trabalho assalariado”.
Viviane Petroli, Agro Olhar
*Colaborou Paulo Victor Fanaia