Campo Grande (MS) – Trabalhar o solo de maneira sustentável e ampliar a produtividade dentro das pequenas propriedades rurais é uma tendência que foi mostrada, nesta sexta-feira (10), pela Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) a agricultores familiares dos Projetos de Assentamentos (PAs) Corguinho e Liberdade Camponesa. O Dia de Campo foi realizado no assentamento Conquista, em Campo Grande, saída para Rochedo.
Em uma chácara de 21 hectares, a família Martinez Aragão mostrou aos visitantes os resultados na produção e as técnicas adotadas para cultivo de hortaliças, frutas orgânicas e animais (porcos, galinhas e vacas). “Nosso trabalho é fruto de muito suor e luta. Só na minha parte da propriedade eu consigo ter uma renda mensal de R$ 4 mil. Tudo aqui não tem nenhum financiamento, apenas trabalho nosso”, garantiu Gedimar.
Dividida em três partes, a propriedade é administrada pela produtora Eloide Martinez de Aragão e os seus dois filhos, Gedimar e Josivaldo. A matriarca da família cabe à responsabilidade de administrar 10 hectares, enquanto os dois filhos gerenciam quatro hectares cada. Os outros três hectares restantes são destinados à área de preservação legal. “Depois que nosso pai faleceu coube a minha mãe cuidar da maior parte da terra. Temos outros dois irmãos que não moram aqui, mas faz parte da herança deles. E a nossa parte cada um cuida. Ajudamos nossa mãe e cuidamos do que é nosso”, explica Josivaldo, o outro irmão.
Durante a visita o grupo de assentados percorreu toda a extensão da chacrinha e conheceu de técnicas de adubação escolhidas até a criatividade da família, tanto para criação de ferramentas e perfuração de poços como no reaproveitamento de materiais na construção de viveiros. “As mangueiras de irrigação, desgastadas, a gente usa para fixar as telas nos pilares de madeiras. Reutiliza e economiza dinheiro”, afirma o produtor Josivaldo.
Uma economia de R$ 30 a 60 por ferramenta, valor contabilizado por Gedimar. “A gente foi em lojas especializadas, na Capital, e achamos os valores salgados para o nosso orçamento. Então, pensamos: Por que não fazer a gente mesmo? E o resultado está aqui. Não custou nada e ainda demos destino para o que ia virar lixo”, contou Gedimar, enquanto demonstrava ao público a eficiência dos utensílios.
Encantados com o amor da família pela terra e a criatividade na lida, alguns assentados tiraram fotos de tudo o que viram. Inclusive, das ferramentas rústicas, fabricadas pelos anfitriões da chácara. “Nossa, aqui, é muito bonito. Eu sou apaixonada por horta e vi muita coisa interessante que vem dando certo com esta família. É legal esta visita para tirar dúvidas e conversar sobre a experiência deles. Na minha terra, no assentamento Liberdade Camponesa, eu mexo com horta. Mas estou tendo dificuldade com o problema das chuvas. Alaga tudo e já perdi muita coisa”, afirmou a produtora Cleide de Lourdes Galeano.
Um problema que ela pretende resolver com as técnicas apresentadas no Dia de Campo e com o apoio da Agraer. “Temos o escritório da Agraer em Corguinho. Lá, o coordenador Arioval Diogo já visitou meu sítio, de oito hectares, para fazer um projeto de curva de nível. Ele deve ir fazer uma nova visita para dar continuação ao trabalho. Estou esperançosa de acabar com esta dor de cabeça na plantação”, avaliou a senhora.
Na visita, o grupo andou por entre os pomares e canteiros das hortas, viu o funcionamento de um dos poços, o uso de compostagem, fabricação de húmus (minhocas) e conheceu a estrutura de um dos viveiros.
Também foi oferecida uma demonstração dos tipos de adubos e sementes disponíveis no mercado. “O saco de adubo dos mais barato está numa faixa de preço de R$ 110,00 a 150,00. Tem saquinho de semente de chega a custar R$ 60,00. As melhores qualidades de sementes são as mais caras. Nossa orientação é juntar dois ou três produtores para comprar e dividir o produto. Na falta da balança, você pega um saco de semente e divide em três copos americanos. Muita coisa eu e meu irmão compramos juntos e dividimos. São essas sementes que darão a vocês novas sementes para o plantio”, detalhou Gedimar.
“Se a gente falta em uma feirinha o cliente já liga à noite. Alguns pedem para a gente reservar. Temos uma freguesia pronta. Já são oito anos no mercado. Para a pessoa que ama o que faz e trabalha duro não falta consumidor”, avaliou Gedimar.
Para o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini, a chácara é a prova viva de que a união entre força de trabalho e Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) é produtiva. “Há bons resultados pelo Mato Grosso do Sul e a Agraer está de portas abertas aos produtores que buscam melhorar os níveis de produção”.
Aline Lira – Agraer