Setor em Minas manterá expansão
Levantamento “Projeções do Agronegócio prevê alta de 39,9% de abate de bovinos e de 17,72% de vacas ordenhadas em dez anos/Daniel Robles/Flickr/Divulgação
A pecuária de Minas Gerais continuará em crescimento ao longo da década de 2016/2026. Assim como na agricultura, o uso de tecnologias, desde a melhoria genética, passando pelo manejo e alimentação até o bem-estar animal, é essencial para os bons resultados no aumento da produção, ganho de qualidade e competitividade do setor. A demanda mundial crescente por alimentos e a possibilidade de abertura de novos mercados para as proteínas produzidas em Minas Gerais vão estimular o crescimento da produção.
O levantamento “Projeções do Agronegócio – Minas Gerais 2016 a 2026” foi desenvolvido pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Com o segundo maior rebanho de bovinos do País, Minas Gerais manterá a produção em crescimento ao longo da década de 2016-2026. A expectativa é ampliar o abate de bovinos das atuais 3,4 mil cabeças para 4,75 mil cabeças em 2026, um aumento de 39,9% em 10 anos e de 3,41% ao ano.
A projeção de exportação de carne bovina para os próximos dez anos é passar de 106,3 mil toneladas atuais para 157,9 mil toneladas em 2026, o que representa uma taxa média de crescimento anual de 4% e variação de 48,6% no período. Atualmente, a carne produzida em Minas é destinada a cerca de 40 países.
A abertura de novos mercados trará avanços para a atividade, gerando receita e garantindo a competitividade do setor. Em relação à carne bovina in natura, a abertura de mercados estratégicos, principalmente da China e dos Estados Unidos, sinaliza que o Estado tem potencial para ampliar o fornecimento de carne para diversos países.
As importações apresentam uma taxa de crescimento anual de 8,1% e uma variação de 117% para o período projetado. Embora positivos, os valores têm pouca representatividade, em relação ao montante exportado.
“A expectativa de crescimento dos abates pode ser superada à medida que produtores investirem mais em sistemas consorciados e em tecnologias voltadas para a pecuária. Também é necessário o investimento em novas plantas frigoríficas no Estado, porque temos a matéria prima para ser trabalhada”, disse o superintendente de Política e Economia Agrícola da Seapa, João Ricardo Albanez.
Apesar da posição de destaque em número de animais, o Estado é o quinto no ranking de abate, em função do baixo número de plantas frigoríficas instaladas no Estado e da vocação para a produção de leite. Com menor investimento na fase de recria e engorda, a bovinocultura em Minas é caracterizada como exportadora de bezerros e bovinos para engorda em outros estados. Um dos desafios para o crescimento do setor é a conquista do status de livre da aftosa sem vacinação, o que poderá garantir a atuação em mercados mais exigentes.
Leite – Devido ao cenário econômico mundial ainda desfavorável para o leite, já que os preços estão abaixo do indicado, as projeções para o setor em Minas Gerais, maior produtor do Brasil, são cautelosas. Mesmo assim, as expectativas são positivas e a produção deve encerrar 2026 com alta de 23,4% frente a 2016, totalizando 11,55 bilhões de litros.
O rebanho de vacas ordenhadas também tende a crescer, porém em níveis menores que os observados na produção, indicando ganho em produtividade. A projeção para 2026 prevê um rebanho de 6,5 milhões de cabeças em produção, aumento de 17,72% em 10 anos e de 1,65% ao ano.
A expectativa em relação à produtividade do rebanho das vacas ordenhadas é de alcançar, em 2026, 1,78 mil litros de leite por vaca ao ano, um crescimento de 4,8% na década. O índice de crescimento esperado na produtividade dos animais, apesar de positivo, ficará 66,87% menor que o observado na década de 2006 – 2015, mostrando a tendência de os pecuaristas investirem em rebanhos de vacas mestiças provenientes do cruzamento entre as raças holandesa e zebu. A iniciativa permite a dupla produção, viabilizando a captação de leite e de bezerros para recria, engorda e abate.
Em relação às exportações, a tendência é de queda de 33,01% com o embarque de 17 mil toneladas de lácteos, frente ao volume de 25,2 mil toneladas esperadas para 2016. Já as importações tendem a ficar 15,32% maiores, somando 7,9 mil toneladas em 2026.