Alta do preço do milho em janeiro chegou a 38,23%; valor pago pelo quilo da ave viva retraiu 16,41%
O aumento significativo dos custos de produção acontece em período de demanda enfraquecida pela carne de frango/Divulgação/Pif Paf/Washington Alves
A menor oferta milho no mercado interno tem prejudicado o desenvolvimento da avicultura em Minas Gerais, atividade que tem o cereal como principal insumo. Os custos de produção da avicultura foram alavancados, principalmente, após a alta de 38,23% verificada em janeiro nos preços do milho, enquanto os valores pagos pelo quilo da ave viva retraíram 16,41%.
Com o dólar valorizado, o que também interfere nos preços de insumos importados, o custo do quilo do animal vivo está próximo a R$ 2,95, alta de 18% frente ao registrado nos últimos meses de 2015 e superior aos preços recebidos na venda, que é de R$ 2,80 por quilo.
De acordo com a diretora-executiva da Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), Marília Martha Ferreira, a desvalorização do real frente ao dólar tem estimulado os embarques de milho e provocado queda na oferta interna, o que alavancou significativamente os preços do cereal. A expectativa é que os preços recuem com a realização de leilões dos estoques publico, como prometido pelo governo federal.
“Existe uma preocupação em relação aos atuais preços do milho, que podem comprometer o desenvolvimento da atividade, mas existe a possibilidade que haja melhoria do mercado do cereal, desde que o governo comercialize os estoques”, avalia.
Ainda segundo Marília, a cotação do milho está bem elevada. Hoje a saca de 60 quilos é adquirida pelos avicultores em torno de R$ 47, sendo que em dezembro o valor era de R$ 34, aumento de 38,23%. Em igual período do ano passado, a saca era negociada a R$ 29,5, variação positiva de 59,32%.
Leilões – A expectativa é que o governo federal promova leilões dos estoques para regularizar a oferta do cereal, que também poderá ser ampliada com a colheita da primeira safra. Na última sexta-feira, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou, para o dia 1º de fevereiro, o primeiro leilão deste ano para a venda de milho dos estoques públicos. A expectativa é que sejam ofertadas 150 mil toneladas do produto.
“O volume de milho estocado é razoável e já estamos no período de colheita da primeira safra, esses fatores poderão contribuir para que os preços fiquem mais acessíveis para os avicultores”, ressalta.
O aumento significativo dos custos acontece em um período de demanda enfraquecida pela carne de frango, o que reduziu os preços pagos pelo produto. A demanda menor em janeiro se deve ao período de férias escolares e ao inverno rigoroso na Europa, o que impede o acesso dos navios a importantes portos.
De acordo com os dados da Avimig, o avicultor recebe cerca de R$ 2,80 pelo quilo do animal vivo, valor que retraiu 16,41% frente a dezembro, quando o quilo da ave era negociado a R$ 3,35. Os custos de produção estão em torno de R$ 2,95, por quilo, valor 5,35% superior ao preço de comercialização.
Ovos – Em relação aos ovos, os preços mantiveram-se estáveis, já que houve redução do plantel de postura. O preço da caixa de 30 dúzias é negociado no mercado, em média, a R$ 85, valor que varia conforme o tamanho e as características dos ovos.
A expectativa, principalmente com a tendência de manutenção do dólar valorizado, é que as exportações de frango ao longo de 2016 sejam favorecidas. Além disso, por ter um preço mais acessível que os da carne bovina, também é esperado aumento no consumo interno, o que será fundamental para a valorização da ave.
“Sempre enfrentamos desafios em relação à produção, assim como em todo país produtor. O papel do nosso avicultor é trabalhar da melhor forma possível, priorizando a sanidade e buscando maior eficiência. Dessa forma conseguimos nos manter ativos nos mercados e conquistando novas oportunidades”, explica Marília.
De acordo com dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em Minas Gerais, os embarques de carne de frango em 2015 recuaram 3,94% em faturamento, que alcançou US$ 299,3 milhões. O volume ficou 4,65% maior no ano, com a exportação de 195,5 mil toneladas do produto. O preço médio da tonelada de carne de frango, US$ 1.530,66, caiu 7,8%.
Os principais países importadores do produto mineiro são a Arábia Saudita, que compra 41,6% do volume exportado, seguido pelos Emirados Árabes Unidos (13,1%), Kuwait (4,7%), Catar (4%), Japão (3,3%) e outros 60 países que importam 33,4%.
Michelle Valverde, Diário do Comércio