Presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Mário Lanznaster afirma que há preocupação no que diz respeito à crescente deterioração do ambiente de negócios: ““as faixas de resultados estreitam-se rapidamente e o consumo interno está caindo em face do desemprego e da inflação”. Foto: Divulgação Aurora
O ano de 2015 foi desperdiçado e as dificuldades econômicas do País só aumentam. A declaração é do presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Mario Lanznaster, para quem “o retorno do processo inflacionário e o desemprego desorganizam a economia, acabam com o dinamismo econômico e reduzem o consumo, situação que perturba o desempenho das empresas. Aliam-se a isso as péssimas condições da infraestrutura de produção, transporte e logística”.
Diante deste quadro, Lanznaster diz que “as cooperativas caminham com cautela, muito planejamento, muita leitura e interpretação do ambiente externo, mas também com fé e determinação”. “Os efeitos deletérios deste quadro patológico da economia brasileira afetam diretamente as cooperativas, como impactam todas as empresas mercantis do País.”
A diferença, segundo ele, é que as empresas de natureza cooperativista pertencem a milhares de associados/cooperados e, por isto, requerem taxa zero de erros em sua gestão.
“Em um quadro caótico assim, seria de se esperar que governo e Congresso arregaçassem as mangas e trabalhassem unidos pelo objetivo comum de retirar o País do fosso em que se encontra. Estarrecida, a sociedade assiste à conjugação da incompetência com a omissão de governantes e parlamentares”, acentua.
Em sua opinião, “uma febre alienante acomete os altos escalões da República, que parece desconhecer ou ignorar o drama de milhões de desempregados, de micro e pequenos empresários, que fecharam as portas, de famílias desassistidas, de municípios em crise pelo fim de médias e grandes indústrias”.
EXPANSÃO
De acordo com Lanznaster, fica difícil traçar planos de crescimento e expansão em curto prazo, pois a Aurora fez grandes investimentos neste ano, com a compra da planta industrial de suínos da Chapecó Alimentos, em Chapecó (SC), e da planta de aves da Cocari, em Mandaguari (PR), além da ampliação da unidade de suínos de São Gabriel do Oeste (MS). Juntas, elas somam R$ 500 milhões. “Nos próximos anos, não faremos novos investimentos”, afirma.
Com relação às cadeias produtivas de aves e suínos, considera o cenário satisfatório, não tranquilo. Ele explica que “estas cadeias produtivas não repetirão os bons resultados de 2014, mas, ainda teremos um resultado razoavelmente bom em 2015. Porém, em 2016, sentiremos saudades deste ano”.
A crescente deterioração do ambiente de negócios preocupa, diz ele, acrescentando que “as faixas de resultados estreitam-se rapidamente e o consumo interno está caindo em face do desemprego e da inflação”.
AGRONEGÓCIO
Apesar de tudo, para Lanznaster, o agronegócio continua como a tábua de salvação nacional. Porém, alerta, “estamos nos aproximando perigosamente do limite”.
“As exportações do agronegócio geram mais de US$ 100 bilhões e, literalmente, salvam a balança comercial brasileira. Entretanto, em todo o mundo a agricultura é um setor sensível que precisa de uma eficaz política de apoio. No Brasil, um dos complicadores é a burocracia, o excesso de normas para produzir tanto no campo, quanto nas agroindústrias. Aqui, quem produz é penalizado”.
Ainda que acentua que “depois de proporcionar sucessivos superávits, o agronegócio também se declara cansado”. “As medidas de apoio ficaram somente no discurso. As péssimas condições de infraestrutura destroçam toda a eficiência e competitividade obtida ‘dentro das porteiras’, em face da inexistência e/ou das más condições das rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, comunicações e geração de energia. Desde o primeiro dia deste governo, até hoje, não se avançou um milímetro em direção a uma solução – qualquer solução – que pudesse sinalizar uma tentativa de ataque aos graves problemas nacionais”, critica Lanznaster.
COOPERATIVA
A Cooperativa Central Aurora Alimentos obteve em 2014 o maior faturamento e o melhor resultado líquido de seus 45 anos de história. Com crescimento de 18%, a receita operacional bruta chegou a R$ 6,7 bilhões, enquanto as sobras aumentaram 38% e atingiram 417,9 milhões de reais.
Com uma margem líquida de 6,83%, a Cooperativa respondeu por um dos melhores desempenhos do mercado brasileiro de proteína animal. A receita total foi 80% dela obtida no mercado doméstico e 20% no mercado internacional.
O maior crescimento ocorreu com as vendas no mercado externo que evoluíram 30% e atingiram um faturamento líquido de R$ 1,3 bilhão. Os principais itens exportados foram carnes de aves (R$ 988 milhões) e carnes suínas (R$ 390 milhões).
No mercado interno as vendas aumentaram 8,6% em volume e 15,9% em faturamento, chegando a R$ 5,4 bilhões. No mercado doméstico, as carnes suínas contribuíram com R$ 2,8 bilhões; as carnes de aves com R$ 1,3 bilhão; e os derivados lácteos com R$ 729 milhões.
Na sequência, aparecem os derivados de massas (R$ 67 milhões); rações suínas (R$ 62 milhões) e carnes bovinas (R$ 60 milhões). Também foram comercializados no mercado nacional reprodutores, pintos, ovos e matrizes, derivados vegetais e outras mercadorias.
Com 46 anos de fundação, é o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes do Brasil. Reúne mais de 100 mil famílias espalhada por 500 municípios brasileiros. Nesse cálculo estão os 26 mil colaboradores diretos da cooperativa, 70.670 famílias rurais cooperadas que formam a base produtiva no campo e 8.951 colaboradores das 13 cooperativas agropecuárias que a constituem, totalizando 105.279 famílias.
Por equipe SNA/SP