Analisado como o menor índice desde 2010, a baixa reflete o ano difícil da pecuária de leite como consequência sobre a desvalorização do Real frente ao dólar
Os preços do leite recebido pelos produtores no mês de dezembro confirmaram as expectativas da maioria dos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, Piracicaba/SP), e seguiram estáveis. Sob o valor de R$ 0,9673/litro na “média Brasil”, o ligeiro recuo de 0,03% sobre novembro representa o menor preço dos últimos cinco anos.
Na contramão do milho, soja e boi gordo, os produtos lácteos foram desfavorecidos pela desvalorização do Real frente ao dólar do cenário internacional. 2015 foi um ano difícil para os produtores, que “dentro da porteira” enfrentaram aumentos constantes de custos de produção e preços bem abaixo dos anos anteriores. Para as indústrias, o desafio foi fechar as contas num contexto de enfraquecimento da renda nacional e vendas de derivados bem inferiores ao esperado para o ano.
A menor demanda por diversos derivados lácteos, a queda nas margens dos produtores, o excesso de chuvas no Sul do País nos últimos meses, o atraso das chuvas em parte do Sudeste e Centro-Oeste e o aumento da concorrência entre indústrias por produtores em algumas regiões foram algumas ocorrências que dificultaram a obtenção de resultados positivos neste ano que passou.
De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) sinalizou aumento de 0,41%. Mesmo com atraso e com níveis de precipitação ainda abaixo do esperado para o período, as chuvas favoreceram a qualidade das pastagens e, consequentemente, a captação de leite nos estados do Sudeste e parte do Centro-Oeste; mas na região Sul, o excesso de chuvas passou a prejudicar a produção de leite e também a logística de coleta. Em dezembro o preço médio bruto (incluindo frete e impostos) pago ao produtor foi de R$ 1,0534/litro, 2,04% menor, em termos reais, que o de um ano atrás. Com exceção dos Estados do Sul, todas as outras regiões analisadas tiveram quedas que refletem o período sazonal de safra.
A crise econômica, a instabilidade política, o excesso de chuvas no Sul do País e a promessa de um forte El Niño para os próximos meses têm mexido bastante nas expectativas dos profissionais de laticínios/cooperativas consultados pelos pesquisadores do Cepea. Para janeiro, a maioria dos entrevistados (62,1%) já espera estabilidade nos preços, enquanto 34,5% acreditam em queda e 3,4% apostam em alta.
Devido à crise econômica nacional, o poder de compra do consumidor foi prejudicado e a demanda por derivados lácteos, diretamente afetadas. Com isso, as expectativas de melhora para o setor ficam atreladas à recuperação da economia do País, o que pode não ocorrer no curto prazo, segundo o Cepea.
Fonte: Cepea, adaptado pela equipe feed&food.
Publicado por: