As cabras que se divertem no banho de sol são o xodó do criador Vilson Bartuira, dono de um sítio em Limeira, São Paulo. A produção começou com uma mãe e dois cabritinhos. O objetivo era apenas tirar o leite para uma neta que não aceita o leite de vaca, mas o plantel foi crescendo, depois vieram as ovelhas e junto as doenças, principalmente as verminoses, muito comuns nesses rebanhos.
Todo o tratamento homeopático no sítio fica por conta de uma veterinária homeopata, Maria do Carmo Arenales, que trabalha há quase 40 anos nessa linha.
Além das verminoses, o tratamento dos animais de leite controla também a mastite ou mamite. São inflamações nas glândulas mamárias, causadas por micro-organismos, como bactérias, que comprometem a saúde do gado e a qualidade do leite. As cabras são tratadas com homeopatia, no cocho, na hora da ração.
A homeopatia é administrada em pó. Para as ovelhas, o pozinho é misturado ao sal mineral. Os animais, que vivem soltos, são trazidos para as baias na hora da medicação.
Os cabritinhos que não conseguem mamar nas mães e também não são acostumados com a ração, não ficam sem a homeopatia, eles recebem as doses na mamadeira. A medicação é como uma prevenção ao estresse, principalmente porque são animais que vivem em confinamento.
A recomendação é que o tratamento seja contínuo. Mesmo assim, Maria do Carmo explica que o investimento compensa.
Vilson não vende o leite, que é só para o consumo da família, o negócio é a comercialização de animais. Os tratamentos convencionais, com vermífugos e antibióticos, não deixam de ser usados quando necessário, mas o criador foi persistente com o medicamento alternativo e há 10 anos, a homeopatia está integrada ao manejo.
E como funciona a homeopatia nos grandes animais? No sul de Santa Catarina, uma experiência está ajudando pequenos criadores a melhorar a qualidade do gado leiteiro. Assim como nas cabras, a mastite é o grande problema das criações. O leite da vaca doente fica com alguns grumos e não pode ser comercializado.
O veterinário Marcelo Pedroso, da Epagri, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Santa Catarina, foi quem começou esse trabalho na região há 8 anos.
Quando a vaca está sendo tratada com antibiótico, o leite dos 4 tetos precisa ser jogado fora, mas com a homeopatia, apenas o leite do teto doente é descartado e além disso, o uso de produto convencional exige um período de carência. Em até seis dias depois do fim do tratamento, o leite tem que ser inutilizado.
Essa era a grande dor de cabeça de Carlinhos Semprebom e Ivone, produtores de Nova Veneza, que vendem o leite para uma cooperativa.
Diferentemente do pozinho usado em São Paulo, as doses são em gotas, diluídas em água e misturadas à ração. O animal nem precisa engolir, basta o contato com a mucosa para fazer efeito. Os resultados são evidentes.
Metade do rebanho tinha algum problema sempre, uma infecção ou um caso de aborto. Agora cinco anos depois do uso da homeopatia, nem 10% das vacas costumam apresentar alguma enfermidade. No momento, por exemplo, nenhuma delas está doente.
O tratamento que a Dona Ivone faz agora é só preventivo e com base nesses bons resultados, a cooperativa quer incentivar os cerca de 50 associados a testar a homeopatia. A ideia é reduzir a quantidade de leite rejeitada pelos laticínios por causa do alto índice de células que comprovam a mastite e pela contaminação por antibióticos.
Globo Rural, Cristina Vieira Limeira, SP e Nova Veneza, SC