O futuro da agricultura está dentro de um container numa cidade, com vegetais crescendo sob iluminação de LED, monitorada por sensores e controlado a distância por meio de um app.
Pelo menos, esse é o plano de negócios da Freight Farms, uma das companhias em destaque dentro do segmento AgTech, no qual startups querem levar para o agronegócio a famosa “disrupção”.
De acordo com a empresa, um container consegue entregar uma produção similar à de um hectare de terra para alface, por exemplo. Os preços dos containers começam em US$ 35 mil.
O conceito parece fora de propósito à primeira vista, mas os containers da Freight Farms estão no cruzamento de várias tendências sociais e de consumo em alta nos Estados Unidos, o que torna a empresa um negócio promissor.
A primeira é a alta da procura por produtos orgânicos e produzidos localmente por um tipo de consumidor preocupado com as consequências ambientais do agronegócio e disposto a pagar mais por sua alimentação.
Na visão da Freight Farms, os contêineres podem atender essa demanda, sendo manejados por restaurantes, como parte da infraestrutura de condomínios ou mesmo empreendedores individuais.
De acordo com a empresa, uma pessoa pode cuidar de um container capaz de produzir mil pés de alface por semana com apenas 20 horas de trabalho semanal.
A escolha pelos contêineres também não é acidental. A estimativa é que existem 23 milhões de contêineres sendo usado no transporte de cargas no mundo hoje e outros 14 milhões fora de circulação. A vida média útil é de 12 anos.
Assim, a Freight Farms trabalha com containers de segunda mão, um tipo de equipamento com medidas universais e disponível em todo o mundo, o que deve facilitar muito uma eventual expansão internacional (os contêineres são uma tendência em arquitetura moderna por mais ou menos os mesmos motivos).
Cada container tem 10 sensores para monitorar temperatura e outros indicadores, além de outras 40 peças responsáveis pela operação.
Os dados são no Xively, uma plataforma de gerenciamento de produtos conectados recentemente adquirida pela Citrix e analisados por software de gestão proprietário da Freight Farms.
O container, que combina elementos de mecânica, parte elétrica, sensores e software, foi desenhado usando software da SolidWorks, que esteve apresentando o case durante o SolidWorks World, evento mundial da empresa realizado na semana passada em Los Angeles.
“Nós estamos criando uma plataforma que permite esse tipo de produção de alimentos ganhar uma escala muito maior”, explica Jon Friedman, CEO da empresa.
A empresa começou focando em todo tipo de folhas para salada, um tipo de produto com altas margens. Com a recente legalização da maconha em muitos estados, a expectativa é que os contêineres sejam usado por consumidores que queiram ter uma plantação como hobby.
Fundos compraram a ideia e já colocaram quase US$ 5 milhões na Freight Farms.
* Maurício Renner cobriu o SolidWorks 2017 em Los Angeles a convite da SolidWorks.