No final dos anos 1980, o alvorecer da “customização em massa” iniciou a mudança de tendência de produtores que ditavam a economia mundial – o consumidor assumia o assento do motorista. Vinte e cinco anos mais tarde, os mercados globais de processamento e embalo são ditados por tendências de consumo, de acordo com o documento “Tendências Globais de Embalo 2015”, um novo relatório da PMMI, Associação para Tecnologias de Embalo e Processamento.
Redigido pela Euromonitor (empresa líder mundial em pesquisa de estratégia para mercados consumidores – texto adaptado de: <https://www.ufrgs.br/blogdabc/voce-ja-conhece-euromonitor-fundada-e/>), o relatório mostra três fatores influenciadores dessa reviravolta: aumento de renda disponível e poder de compra; crescente consciência em relação à saúde; e bem-estar e responsabilidade ambiental – expressivos em cada uma das seis regiões do planeta: Ásia/Pacífico, Europa Ocidental, América do Norte, América Latina, Leste Europeu e Oriente Médio/África.
“Essas tendências estão impactando o embalo porque estão ditando as escolhas de compra dos consumidores”, afirma Jorge Izquierdo, vice-presidente de Desenvolvimento de Mercado da PMMI.
Poder de compra
Embora o relatório aguarde com grande expectativa 2019, devemos dar uma olhada no passado para identificar a ascensão do fator consumidor.
Quando o Modelo T de Henry Ford foi estacionado nas garagens de tantos lares norte-americanos, fabricantes de novos produtos impulsionaram a economia. O ônus recaía sobre o motorista, com designs-padrão competindo em termos de preço, e produtos customizados sendo oferecidos apenas de forma limitada. Isso estava presente praticamente em todos os mercados, como o de alimentos, bebidas, e até mesmo em tipos de embalagem transformados em commodities.
O consumidor moderno de hoje, entretanto, está extremamente informado em termos de custo e preço. A internet abriu novas avenidas de acessibilidade a valorações de materiais, processamentos complementar e global e cadeia de suprimentos de embalagens. Munidos desses conhecimentos, os consumidores têm a capacidade de impulsionar a indústria para atender suas necessidades.
Como os países emergiram da crise econômica mundial, o crescimento moderado das vagas de emprego e a ascensão de valores de ativos começaram a liderar um consumo cada vez maior. A renda disponível começou a aumentar, significando uma proporção maior da população mundial com acesso a produtos que, anteriormente, eram inacessíveis.
A pressão de preços advinda dos setores de alimentos e de bebidas está prevista para ser a mais alta de qualquer mercado na próxima década. Uma proporção extraordinária de vendas de alimentos e bebidas ocorre por meio de grandes escoadouros varejistas, como o Walmart e a Target, ou clubes atacadistas como a Costco. Essas redes varejistas têm um poder de compra gigantesco. Cada uma pode exigir diferenciações em produtos e em seu embalo – e tiram o máximo proveito isso. Por sua vez, o consumidor está demandando novas garantias, como, por exemplo, produtos orgânicos e mais saudáveis, refeições pré-embaladas ou sucos naturais com pouca vida útil.
Somente nas indústrias de alimentos e bebidas, o panorama é bastante vasto, uma vez que as Unidades de Manutenção de Estoque (tradução de Stock Keeping Units) se expandiram de uma dúzia de itens para milhares deles, e a causa está diretamente ligada à contínua evolução da customização em massa.
A urbanização também está norteando esse processo de customização massificado. O mundo continua se urbanizando a uma velocidade imensa, guiado tanto pela migração rural às cidades, no mundo emergente, quanto pela reurbanização, no mundo desenvolvido.
Até presentemente, mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas densamente povoadas. Até 2050, as Nações Unidas projetam que 64% da população do mundo emergente e 85% da população do mundo desenvolvido residirá em cidades.
Pela primeira vez em um século, as maiores cidades norte-americanas estão crescendo a uma taxa mais célere do que a dos subúrbios.
A geração Y está migrando de volta aos ambientes urbanos que os baby boomers(nascidos após a II Guerra Mundial) abandonaram nos anos 1950 e 1960.
A urbanização gera muitos desafios. O varejo nas cidades geralmente envolve grandes quantidades de lojas menores, e é possível que consumidores urbanos comprem quantidades menores por ida às compras devido à capacidade reduzida de armazenamento em habitações urbanas. As taxas de propriedade de veículos são menores em áreas urbanas, o que aumenta a demanda por entrega em domicílio de mercadorias, levando ao uso do e-commerce. As áreas urbanas também tendem a ter uma demografia mais diversificada, gerando demanda por uma variedade enorme de produtos.
Mercados em evolução
“A reciclagem e reúso de embalagens são tendências dominantes, e prevemos que isso vai continuar acontecendo, já que o uso de garrafas PET e de vidro vem aumentando”, diz Izquierdo.
Os mercados de embalagens no Oriente Médio e na África estão antecipando 5,3% de volume de crescimento na Taxa Composta de Crescimento Anual (CAGR, na sigla em inglês), porém as previsões para a Europa Ocidental e a América do Norte repousam no outro extremo do espectro, com 0,4% e 0,5%, respectivamente.
A expansão dos mercados no Oriente Médio e na África é resultante de uma crescente exposição a estilos de vida modernos e vem se manifestando em oportunidades de crescimento para uma infinidade de produtos. Na Ásia e no Pacífico, com previsão de volume de crescimento da CAGR de 4,3%, a demanda cada vez maior por garrafas PET, especialmente na categoria água engarrafada, fundamenta preocupações referentes a saúde e bem-estar.
A América do Norte, por outro lado, é um mercado maduro, mas os consumidores estão esboçando um interesse cada vez maior em um sem-número de categorias. Estas incluem tanto as referentes a itens saudáveis quanto a produtos de inovação.
Ao redor do mundo, o relatório “Tendências Globais de Embalo 2015” da PMMI menciona que o plástico maleável permanece sendo o tipo dominante de embalagem, contabilizando 29% do mercado, ao passo que as garrafas PET (com 12% da fatia do mercado de embalagens) figurará entre os que mais crescem, com 4,7% de CAGR. Prevê-se que o mercado de envase de água contabilize 135 bilhões de unidades até 2019, totalizando 54% do crescimento absoluto em volume no uso de garrafas PET. Enquanto o envase de bebidas norteia o crescimento de garrafas PET e de vidro, a categoria de itens alimentícios sustenta um uso flexível de embalagens.
Tire suas próprias conclusões
As exposições mais recentes da PMMI, Pack Expo Las Vegas e Pharma Expo 2015, reuniram mais de 2.000 expositores e cerca de 29.000 participantes. Com mais de 40 mercados verticais, o evento abriu os olhos dos participantes sobre como os outros mercados lidam com usos parecidos em termos de processamento e embalo. Essa disseminação de ideias é uma característica dos eventos da Pack Expo.
A próxima exposição será a Pack Expo International, agendada para acontecer entre os dias 6 e 9 de novembro de 2016, no centro de exposições McCormick Place, em Chicago, EUA. Uma pesquisa de mercado da PMMI revelou um desejo, por parte da indústria alimentícia e de bebidas, de sediar um evento de processamento abrangente, apresentando tecnologias confluentes de múltiplos mercados verticais – muito parecido com o Anuga FoodTec (realizado em Colônia, na Alemanha), mas, dessa vez, na América do Norte.
A ProFoodTech, com estreia em abril de 2017, entre os dias 4 e 6, no McCormick Place, é uma parceria de três potências em feiras de negócios: PMMI; Koelnmesse, conhecida como Anuga; e a Associação Internacional de Laticínios (IDFA, na sigla em inglês). Os organizadores estão projetando uma área líquida de exposições de 13.935 m2 e mais de 400 empresas expositoras. Para mais informações sobre essas feiras de negócios, visite osite www.packexpo.com.
Sean Riley é o diretor editorial da PMMI, Associação para Tecnologias de Embalo e Processamento