Campo Grande (MS) – O cônsul geral da Argentina, Luís Castilho, está em Campo Grande para uma rodada de contatos visando fomentar o comércio entre Mato Grosso do Sul e seu país. Na manhã de hoje (28), o cônsul se reuniu na Governadoria com o governador Reinaldo Azambuja e os secretários Jaime Verruck (Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e Eduardo Riedel (Governo e Gestão Estratégica) e à tarde, no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequena Empresa), recepcionou empresários para uma palestra que apresentou um panorama da economia e oportunidades de negócios com a Argentina.
O secretário Jaime Verruck destacou que hoje a Argentina é um importante parceiro comercial na importação de grãos e minério de Mato Grosso do Sul, tendo a hidrovia Paraguai-Paraná como via de escoamento. “Existem estudos para importação de fertilizantes, nafta e trigo, e também outros produtos industriais para atender outras regiões do Brasil. A ideia destacada é ampliar as opções de negócios e melhor utilizar os portos da hidrovia”, pontuou o secretário, que ainda enfatiza a posição estratégica da Argentina no traçado da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), que corta o país pelo Norte.
Palestra
O ápice da visita do cônsul argentino a Mato Grosso do Sul foi o encontro “Oportunidades de Negócios com a Argentina – potencial do comércio bilateral”, organizado em conjunto com a Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul) e a Fecomércio (Federação do Comércio). O secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, disse que o governo do Estado aposta no incremento do comércio bilateral e trabalha para criar “a ambiência necessária”.
“Há espaço para grandes negócios. Nossa balança comercial com a Argentina é tímida. Ano passado exportamos U$ 380 milhões e importamos apenas U$ 24 milhões. Mas o governo não compra nem vende nada, quem negocia são os empresários. Cabe ao governo promover esse diálogo, criar mecanismos facilitadores, desenvolver a logística. Isso temos feito”, disse.
O secretário adjunto ainda destacou o turismo de pesca esportiva no Pantanal como um setor altamente atrativo para os argentinos, e lembrou que o governo acaba de estabelecer a pesca amadora esportiva como prioridade, devendo para o próximo ano ser zerada a cota de peixe que os turistas podem levar. Com isso, o Estado incrementa o pesque-e-solte em todos os rios. “O Brasil faturou no ano passado U$ 3 bilhões com a pesca esportiva, enquanto nos Estados Unidos a cifra foi de U$ 115 bilhões. É um mercado ainda a ser explorado.”
Desafios
O palestrante, empresário argentino radicado no Brasil e diretor da Câmara de Comércio Argentino-Brasileiro de São Paulo, Gustavo Segré, traçou um panorama das relações comerciais entre os dois países desde a redemocratização, na década de 90, e mostrou que apesar de muitos entraves terem sido superados e em alguns momentos os negócios fluído com maior intensidade, o melhor ainda está para acontecer.
“A Argentina não vai bem, mas tem oportunidades incríveis de fazer negócios por lá”, garantiu Segré para um público atento de empresários das diferentes atividades econômicas. Os números, de fato, mostram que a crise recente tem desestimulado o comércio nos dois sentidos. Ainda assim, a Argentina é o terceiro principal destino dos produtos brasileiros, enquanto o Brasil figura em primeiro na lista de compradores de produtos argentinos.
E o fato de Mato Grosso do Sul estar no centro da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), a super rodovia que ligará por asfalto a Costa do Atlântico com a Costa do Pacífico, torna o Estado um mercado e um parceiro privilegiado para os argentinos, na visão do cônsul Luís Castilho. “A transoceânica vai favorecer os negócios porque Mato Grosso do Sul está ao lado da Argentina, pode estabelecer uma relação direta. Vamos vender e comprar mais”, salientou.
A Rota de Integração está em fase de conclusão, restando um trecho dentro do território paraguaio a ser pavimentado e a construção da ponte sobre o rio Paraguai, em Porto Murtinho, que será custeada pela Itaipu Binacional.