Campo Grande (MS) – Embora tenha sua economia calcada na produção de commodities com destino à exportação, Mato Grosso do Sul aposta no vigor do setor industrial e na retomada da construção civil, especificamente, como fator gerador de empregos em 2021. Na avaliação que faz do desempenho da economia sul-mato-grossense durante o ano que passou e as perspectivas para o próximo ano, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, aborda outros pontos tensos como a possível prorrogação do auxílio emergencial.
Mato Grosso do Sul encerrou 2020 com saldo positivo de 14.173 vagas de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta quinta-feira (28). Na variação relativa (que considera o tamanho do mercado de trabalho), ficou no oitavo lugar entre os 27 estados brasileiros em geração de empregos. Isso após um começo ruim nos meses de março, abril e maio, devido à pandemia Covid-19, quando foram destruídas quase 11 mil postos de trabalho. Depois disso a economia sul-mato-grossense reagiu bem, com uma sequência de seis meses positivos em que foram criados 19 mil empregos de carteira assinada. Em dezembro essa tendência se interrompeu (-1.933), porém Verruck aposta numa retomada firme para o ano que se inicia.
“Não podemos deixar de pensar na questão do emprego lembrando que 2020 foi um ano de pandemia e 2021 se inicia da mesma forma. Tivemos uma desestruturação grande do setor produtivo, fechamento de comércio, ascensão do comércio online, paralisação das empresas por falta de insumos. Uma série de características que impactaram diretamente no emprego formal. O Brasil não vem sinalizando com um crescimento positivo da economia. Olhando nesse cenário, muitos números ficam relativizados. Mesmo assim Mato Grosso do Sul termina o ano com um bom saldo de empregos gerados. Importante destacar isso, lembrando que são empregos formais, não inclui o MEI, o informal”, pondera.
Ao analisar mais de perto os números divulgados pelo Caged, o secretário considera importante também verificar onde estão esses empregos. “E aí vemos a indústria, com praticamente metade, mais de 6 mil empregos gerados. Isso decorre de toda negociação de incentivos fiscais, as empresas tiveram cumprimento de suas metas, mas foram renegociadas. Criou-se o ambiente para continuar produzindo”.
Outro ponto que chama a atenção é o perfil desses novos trabalhadores. Foram 12.916 vagas criadas para jovens entre 18 e 24 anos, que é considerado um mercado bastante complexo de trabalho porque são pessoas com pouca ou nenhuma experiência. Em contraponto, o maior número de desligamentos foi na faixa etária entre 50 e 64 anos, com perda de 3.042 empregos.
Perspectivas
O ano começa com boas promessas e algumas incertezas, na análise de Verruck. “Para 2021 vamos continuar crescendo no setor industrial, esperamos crescer na área da construção civil, mas isso depende essencialmente da capacidade de crédito disponível, e acreditamos que os setores de comércio e serviços também tenha um crescimento em função da melhora da economia.”
Ele alerta, entretanto, que não se pode esquecer quem foram os grandes impactados pela crise gerada na pandemia e mais demitiram. “As micro e pequenas empresas conseguem rapidamente se recompor, mas para isso dependem efetivamente da reação da economia nacional.”
Auxílio emergencial
Um ponto polêmico é sobre a viabilidade ou não da retomada do auxílio emergencial. “Em princípio entendíamos que não deveria ter o auxílio emergencial em 2021, baseados na expectativa de que não teríamos a segunda onda da pandemia, não teríamos impacto na economia com o crescimento da inflação e haveria uma sinalização positiva em termos de investimento. Considerando isso tudo, as atividades internas começam a sofrer um impacto, até porque as pessoas que recebem o auxílio emergencial não são esses que estão no emprego formal, são os que estão na informalidade.”
Foi ponderando esse cenário que os secretários de Fazenda pediram a prorrogação do auxílio emergencial, continua o secretário. “Sabemos que isso gera um impacto significativo no esforço de equilíbrio fiscal do governo federal. Foram aplicados R$ 3 bilhões no Estado com o auxílio emergencial, se a gente pensar que a folha dos funcionários públicos estaduais é de R$ 500 milhões, são seis folhas injetadas na economia. E para as pessoas que precisam do básico.”
O secretário ressalta, entretanto, que a dinâmica da economia de Mato Grosso do Sul é baseada na exportação de commodities. “Portanto, enquanto tivermos um câmbio favorável e capacidade exportadora, Mato Grosso do Sul vai continuar crescendo.”