A batata-doce é uma cultura de múltiplos usos, destacando-se por ser um cultivo rústico. Uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento da cultura consiste no uso de mudas com padrões técnicos elevados. A obtenção de matrizes de batata-doce com alta sanidade e fidelidade genética, possibilitando que as plantas expressem ao máximo o seu potencial, é realizada em instituições que possuem alto nível tecnológico, laboratórios e estruturas de multiplicação com ambiente monitorado, como é o caso da Embrapa Clima Temperado. A multiplicação de mudas comerciais com alta sanidade é realizada por viveiristas credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, sob normas técnicas que garantem a confiabilidade do material entregue ao produtor. As ramas utilizadas em plantios extensivos devem ser produzidas na propriedade, a partir das mudas adquiridas desses viveiristas.
A produção de ramas para o plantio comercial de batata-doce inicia com a colheita de batatas produzidas pelas mudas de alta sanidade adquiridas pelos produtores locais na safra anterior. Consiste no processo de multiplicação da batata-doce normalmente conhecido pelos agricultores. O procedimento inicia pela colheita e pela classificação das batatas que serão usadas para produção das ramas, considerando-se o volume de mudas necessário para a implantação da lavoura.
Para produção dessas ramas são utilizadas as batatas-doces colhidas no final do ciclo da cultura. A colheita é realizada quando as raízes atingem o tamanho desejado, normalmente entre 110 e 160 dias após o plantio, podendo ser mecanizada ou manual. Em batatas-doces utilizadas para a produção de ramas, a prática de lavagem jamais deve ser realizada, pois isso danifica as gemas de brotação e prejudica a sua conservação. A limpeza consiste apenas na retirada do excesso de terra aderida à superfície da batata, podendo ser feita diretamente com as mãos ou com um pano. A colheita é uma operação delicada. Os aspectos mais importantes a considerar são realizar a colheita de forma cuidadosa e identificar corretamente as cultivares, impedindo que ocorram misturas. Nesse momento, a experiência do agricultor é muito importante.
Para se obter novas plantas, as batatas são plantadas em linhas, em leiras ou canteiros, distanciadas em 80 cm e espaçadas em, pelo menos, 10 cm entre si, cobertas com uma camada fina de terra. Em regiões frias, a utilização de um túnel baixo feito com plástico transparente promove o aquecimento do canteiro, melhorando a brotação e o desenvolvimento das plantas. No plantio, o mais comum é que sejam usadas ramas com cerca de 30 cm, contendo seis a oito entrenós, retiradas das partes mais novas do caule. Para se ter material logo no início do período quente é necessário iniciar o cultivo 90 dias antes da época normal de plantio. Durante a retirada das ramas, o corte deve ser feito de forma a permitir o rebrote da planta original, possibilitando a obtenção de novas ramas.
Independentemente da região de cultivo, o plantio da lavoura deve prever o ciclo da cultura (entre 120 e 160 dias), o clima local (ocorrência de frio intenso no plantio ou na colheita, período de seca ou chuvoso) e o cronograma de cultivo das demais culturas da propriedade.
Colheita de batata-doce a partir de mudas de alta sanidade visando obter ramas para plantio extensivo. (Fotos: Luis Antônio Suita de Castro)
Plantio de batata-doce para produção de ramas em sistema de túneis baixos com cobertura plástica, em regiões frias.
Plantio de ramas para formação da lavoura de batata-doce.
Por Luis Antônio Suita de Castro, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS