Campo Grande (MS) – Ele produz banana, tomate, mandioca, alface, berinjela, chuchu, pimentão, pimenta, tem vacas, galinhas, codornas, angolas e perus, produz mel, rapadura, leite, e comercializa tudo isso pessoalmente entregando em mercados e verdurões da cidade e atendendo ainda as chamadas publicas da Prefeitura para fornecimento de alguns produtos para atender a merenda escolar. Tudo isso em apenas 4,5 hectares.
A conquista do pedaço de chão aconteceu em 2006, quando Valdete Franco dos Santos teve ajuda da Agraer, para se habilitar no Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF). Em menos de um ano, ele conta que se mudou para aquela que batizou ‘Instância Vitória’, sua propriedade no Assentamento Veranilda, no município de Antônio João.
A custa de muito trabalho, contando sempre com a assistência técnica da Agraer, habilitando-se e cumprindo os compromissos assumidos com as linhas de crédito destinadas ao pequeno produtor – o Pronaf – Valdete começou a produzir e, nesses oito anos, comemora orgulhoso ter substituído sua bicicleta – único bem que possuía quando começou o trabalho na instância – por um veiculo utilitário zero quilômetro. Além deste, um pequeno trator e outros equipamentos também já foram adquiridos e pagos com o resultado do que ele produz. “Cumpro com todas as minhas obrigações, mantenho a documentação toda em dia, participo, quando posso, de cursos e palestras e conto quase que diariamente com a assistência técnica da Agraer, que posso garantir, fez toda diferença para que eu pudesse alcançar escala de produção e garantisse os contratos que mantenho com a Prefeitura e o comércio”, completa.
Tudo isso, lembra Valdete – que conta com ajuda de um dos três filhos e da esposa Rosenilda, na lida diária – a custa de muito trabalho. “Não tem segredo. É planejamento, persistência e trabalho de sol a sol”, comenta, lembrando que a produção não respeita sábados, domingos e feriados, e todos os dias, às 4h30, ele e a esposa já estão de pé.
Segundo Valdete, o pouco agrotóxico utilizado na propriedade é passado à noite, na plantação de tomates e o restante das culturas, por conta da diversificação e alteração constante de local, é livre de qualquer desses produtos.
Por estar sempre atendo aos acontecimentos e oportunidades para os produtores da região, além de fazer parte da Associação Progresso, entidade que serviu como canal para aquisição da terra, Valdete preside o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar, auxiliando os colegas assentados nas suas demandas, além de fazer parte do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, que trabalha diretamente ligado ao Cedrs, local que visitou hoje para conversar com o secretario Executivo Carlos Gonçalves e Aristóteles Ferreira, na manhã desta segunda-feira.
Valdete veio dar encaminhamento a proposta de outro grupo para aquisição de terras, próximas a sua, no município de Antônio João. A intenção é que estes futuros assentados também produzam hortifrúti, como ele. Dois de seus filhos, que cresceram acompanhando sua trajetória, e que já estão casados e tem suas famílias constituídas, estão entre os candidatos. Eles, assim como os outros noventa e oito produtores que estão se habilitando para a formação deste novo assentamento poderão contar além, da experiência e suporte de Valdete, com o trabalho de articulação do Cedrs, possivelmente assistência técnica da Agraer e um apoio a mais do Governo do Estado, que tem hoje, em fase final de adequação, um programa de incentivo a produção de hortifrúti no Estado.
A expectativa é de que a resposta positiva a este projeto saia ainda este ano e em 2016 esses produtores já possam começar a produzir, aguarda esperançoso Valdete.