As florestas brasileiras – nativas e plantadas – são importantes fontes de biodiversidade e contribuem para reduzir os impactos negativos das mudanças climáticas. Mas, além disso, elas têm se tornado protagonistas no cenário econômico brasileiro, pelo fornecimento de matéria-prima para a fabricação de vários produtos. Mundialmente, as florestas plantadas representam 290 milhões de hectares e no Brasil, as culturas que mais se destacam em termos de área, são eucalipto e pinus, responsáveis por mais de 7 milhões de hectares plantados, em 2014. O Dia Internacional das Florestas é comemorado hoje (21/03), e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) parabeniza o produtor brasileiro pela preservação e produção florestal.
O setor florestal brasileiro é caracterizado pelos produtos madeireiros e não madeireiros, destinados ao consumo humano como alimentos, bebidas, plantas medicinais e extratos (frutas, castanhas, mel), além de cortiça, resinas, taninos, óleos essenciais e borrachas. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o país acumulou, entre janeiro e novembro de 2015, um saldo de US$ 6,5 bilhões em exportações de produtos florestais. Com relação aos produtos madeireiros, as vendas de celulose atingiram US$ 5,1 bilhões do total, papéis e cartões chegaram a US$ 1 bilhão e madeira serrada US$ 416 milhões. Os principais destinos foram Europa, América Latina e China.
A maior área plantada está em Minas Gerais, com 1,7 milhão de hectares de eucalipto e 47 mil de pinus. De acordo com a Associação Mineira de Silvicultura (AMS), o setor florestal representa 7% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, contribuindo com R$ 3,8 bilhões em exportações e geração de 731 mil empregos. Já a área de floresta nativa corresponde a 19 milhões de hectares, o que representa 33% da área total de florestas, conforme dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Do total de 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil, 4,88 milhões ou 63% são certificados por organizações independentes e reconhecidas mundialmente, como o Forest Stewardship Council (FSC) e o Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes (PEFC), sendo o último representado no Brasil pelo Programa Nacional de Certificação Florestal (Cerflor). Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), a certificação é uma garantia, internacionalmente reconhecida, que permite identificar bens produzidos, por meio de práticas restritivas e específicas nos vários aspectos ligados aos recursos naturais, serviços ambientais engajamento de comunidades.
A IBÁ explica que são passíveis de certificação o manejo florestal e a cadeia de custódia, que são os estágios da produção, distribuição e venda de um produto de origem florestal. Neste caso, a madeira é rastreada de uma floresta certificada até o produto final. “Ao certificar processos e produtos, uma empresa aumenta sua credibilidade e se diferencia das demais pelo fato de apresentar garantias quanto a adoção do manejo florestal adequado”.
Preservação – Além das funções produtivas, os plantios de árvores também desempenham importante papel na prestação de serviços ambientais. O setor reduz os impactos das mudanças climáticas, baseados na formação e manutenção de estoques de carbono das árvores plantadas e nativas conservadas pelas empresas. Em 2014, os 7,74 milhões de hectares dos plantios de árvores no Brasil foram responsáveis pelo estoque de aproximadamente 1,69 bilhão de toneladas de dióxido de carbono. Para se ter uma ideia da relevância desse montante para o país, ele equivale a um ano das emissões nacionais. O plantio de árvores também é destaque em novas técnicas como recuperação de áreas degradadas e integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
Para o Coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, a nova visão da agricultura concilia produção e florestas que se refletem na paisagem rural. O proprietário rural brasileiro possui mais de 100 milhões de hectares em vegetação nativa dentro de suas propriedades, algo comparável com as unidades de conservação, que possuem 140 milhões de hectares. “A responsabilidade de fazer parte de um país com diversidade ecológica fez do produtor rural o mais conservacionista do mundo. Florestas Amazônica e Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa ou Pantanal, biomas com mais ou menos componente florestal, mas que representam a verdadeira vocação de país que se desenvolve com um olho no progresso e outro nas floretas”, diz Nelson.