Um estudo sugere que a chegada da agricultura à Europa contribuiu para a mudança para um tom de pele mais claro dos europeus.
Há pessoas mais altas do que outras ou com a pele mais clara. E isso tem uma explicação. Um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature revela qual a origem do tom de pele e da altura dos europeus modernos.
A equipa liderada por David Reich, um geneticista da Universidade de Medicina de Harvard, analisou os genes de 230 pessoas que viveram há 8.500 e 2.300 anos. Entre as amostras está ADN de pessoas de toda a Europa, incluindo dos Yamnaya, um povo com origem nas estepes russas e que entrou na Europa há, pelo menos, 4.500 anos. Para além disso foram também estudadas 21 pessoas que viveram na região da Turquia de Anatólia há 8.500 anos. Ou seja, pela primeira vez foram estudados os primeiros indivíduos que trouxeram as primeiras formas de agricultura para o velho continente.
A partir daqui, Reich, juntamente com a sua equipa, revelou uma evolução nos genes que pode explicar as mudanças do tom de pele dos europeus. Para se chegar a estas conclusões é importante perceber que as primeiras populações humanas de caçadores descendiam dos migrantes africanos, e tinham, por isso, a pele negra até há cerca de 9 mil anos, altura em que a agricultura começou a ser praticada na zona onde hoje é a Europa. Os agricultores chegados de Anatólia tinham já um tom de pele mais claro. Mas, mais tarde, surgiu uma nova variante genética que tornou a pele dos europeus ainda mais clara.
Ora, há muito que a comunidade científica dava por adquirido que a pele mais clara ajudava a atrair mais vitamina D através da luz solar em latitudes elevadas. Agora, Reich sugere que os primeiros caçadores, de pele escura, também o faziam, pela quantidade de vitamina D presente na carne que caçavam. Ou seja, a chegada da agricultura, que reduziu o consumo de vitamina D na carne, pode ter provocado uma alteração no tom de pele.
Mas há mais. Estes novos dados permitem também acompanhar e identificar a evolução da altura da população na Europa. Depois de analisar 169 genes ligados à altura, concluiu-se que os agricultores de Anatólia eram relativamente altos, mas os Yamnaya eram ainda mais altos. Em relação aos europeus, os do norte herdaram grandes quantidades do ADN dos Yamnaya o que os poderá ter tornado maiores. Já no sul do continente europeu as pessoas cresceram mais lentamente depois do aparecimento da agricultura.
Sem conseguir oferecer respostas concertas sobre as razões pelas quais a população no sul manteve um estatura mais baixa do que a população do norte, a equipa de Reich refere no entanto que esta evolução moldou as diferenças de altura até aos dias de hoje.
Observador