A constatação resultou das discussões 2º Fórum da Suinocultura do Centro-Oeste, realizado em Goiânia
Para Seneri, que falou sobre o “Cenário Econômico e perspectivas para o mercado de grãos”, este mercado deve ficar mais apertado a partir de agora. “Quem regula o consumo mundial de commodities é a China. E ela já anunciou que deverá desacelerar sua economia de um crescimento anual de 14% para 7%, portanto deixará de comprar, ou seja consumirá menos. E nós que vendemos pra eles, venderemos menos”.
O secretário explica que a política agrícola defasada e a insuficiência de crédito rural acessível, deve afetar o mercado de grãos nos próximos anos. “Para 2016, o mercado do agronegócio tende a ter estabilidade com menor volatilidade e terá margens mais apertadas”, antecipou.
Experiente na área, Paludo sentencia que o Brasil deve rever urgentemente sua política agrícola, sob pena de perda de competitividade no médio e longo prazo. “Precisamos rever crédito rural, abrir opções para novos bancos financiarem nossa safra. Repensar o seguro rural para criarmos novas soluções”.
Já para o médico veterinário, Fabiano Coser, que tratou sobre o ”Cenário Econômico e perspectivas para o mercado de carne suína”, diferentemente do mercado de grãos, que na suinocultura afeta o custo, o segmento de carnes não tem preço mínimo e nem grandes volumes de crédito.
Segundo ele, é preciso melhorar a participação da produção nacional no comércio internacional, que hoje é de apenas 1%. “Somos reféns da Rússia. Mas hoje o mercado que cresce potencialmente é do México e da Coréia do Sul, países que já sinalizaram que querem comprar mais. Precisamos alcançar os consumidores desses países”.
Coser mostrou ainda que o país tem potencial para isso, pois os investimentos na produção e industrialização da carne suína dos grandes players, como Sadia e Aurora estão aumentando. A participação do complexo de carnes na pauta de exportação do agronegócio, conforme dados do Mapa de 2014, é de 18% e pode aumentar.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) o consumo de carnes deve aumentar 1,6% ao ano, entre 2015/2024. E a China e o México devem apresentar as maiores taxas de expansão na importação neste período. Para Coser, o México deverá substituir a Rússia em importação da carne suína, já que o país tem estimulado a produção doméstica e deve registrar queda de 18% das importações nos próximos anos. Outro potencial mercado é a Coréia do Sul, que deve aumentar 13% suas importações no mesmo período.
Sanidade – O consultor explica, que mesmo assim, o Brasil precisa investir em sanidade animal. “Hoje grandes exportadores têm exigido certificados de sanidade, entre os mais comuns está o de área livre da Peste Suína Clássica (PSC). Estados e o governo federal precisam fazer o dever de casa se quiserem se manter como exportadores”, advertiu.
Outro grande problema que a cadeia suinícula precisa trabalhar é o incentivo ao consumo. “Os veganos e vegetarianos têm crescido muito. E isso inviabiliza nosso mercado. O segmento precisa se unir com mais força para estimular o consumo em grande escala”.
Para o produtor de Primavera do Leste (239 quilômetros ao sul de Cuiabá), Frederico Wagner Tannure, que há cinco anos trabalha com suinocultura no Município, neste momento em que o país enfrenta instabilidades de ordem política e econômica, é fundamental buscar conhecimento. “Eu vim ao Fórum porque queria saber como será o comportamento do mercado. Queremos nos programar para ter visão de futuro e saber investir com segurança”, revelou.
Já o produtor de Sorriso (460 km da capital), Itamar Antonio Canossa, que contabiliza 15 anos de experiência na área, acha importante ouvir os especialistas. “Precisamos de visões diferentes de mercado para entender o que acontece hoje e o que está por vir”, disse.
Fonte: Diário de Cuiabá