Campo Grande sediou nesta quinta-feira (16) a etapa estadual da II Conferência Nacional do Trabalho (II CNT), reunindo representantes de trabalhadores, empregadores, governo e sociedade civil para discutir os desafios e propor soluções para o mercado de trabalho sul-mato-grossense. As propostas aprovadas serão apresentadas na etapa nacional da Conferência, a ser realizada em março de 2026, em São Paulo.
O evento, realizado na Faculdade Insted, contou com painéis, grupos de discussão e plenária final. Os debates foram organizados em dois eixos principais: “Transformações no mundo do trabalho”, abordando transições tecnológicas, digitais, ecológicas e demográficas e “Políticas públicas e transição justa”, com foco em proteção social, emprego, renda e inclusão produtiva conectadas ao desenvolvimento sustentável.
Representando o Governo do Estado, o secretário-executivo de Qualificação Profissional e Trabalho da Semadesc, Esaú Aguiar, destacou que a construção de políticas públicas eficazes depende da atuação integrada entre poder público, empresas e instituições. “O governo não cria soluções sozinho. É essencial trabalhar com todos os setores para garantir inclusão produtiva, qualificação e geração de empregos de qualidade”, afirmou.
Esaú lembrou que Mato Grosso do Sul vive um ciclo de expansão econômica acima da média nacional, com mais de R$ 80 bilhões em investimentos desde 2023 e destaque em setores como celulose, amendoim e citricultura. Segundo ele, esse crescimento reforça a necessidade de políticas que ampliem a formalização e promovam mobilidade social para populações vulneráveis e povos originários.
De acordo com o Diagnóstico da Situação do Trabalho Decente em Mato Grosso do Sul (2025), 62,8% da população ocupada está em empregos formais, enquanto 37,2% ainda atua na informalidade. O estado tem taxa de desocupação de 4,1% e rendimento médio mensal de R$ 3.102, acima da média nacional. Entre os desafios, permanecem a desigualdade salarial entre homens e mulheres e o trabalho infantil, que ainda envolve cerca de 9,7 mil crianças e adolescentes.
O secretário-executivo Esaú também ressaltou a importância da qualificação e retenção de talentos no contexto da reforma tributária e das novas demandas tecnológicas. “As empresas precisam investir em planos de carreira e valorização de seus trabalhadores. O crescimento econômico só será sustentável com a formação contínua da nossa mão de obra”, reforçou.
No encontro, Esaú Aguiar anunciou ainda a elaboração do primeiro Plano Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo, em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a Superintendência Regional do Trabalho, centrais sindicais e o setor produtivo. O lançamento está previsto para janeiro de 2026.
A diretora-presidente da Funtrab, Marina Dobashi, destacou que o evento reafirma o compromisso de Mato Grosso do Sul com um desenvolvimento que gere oportunidades para todos. “Na Funtrab, temos buscado ampliar o acesso ao emprego digno e à qualificação, conectando trabalhadores às demandas reais do mercado. Nosso desafio é reduzir as desigualdades, valorizar a mão de obra local e garantir que o crescimento econômico do Estado se traduza em inclusão social. O trabalho decente é, antes de tudo, um instrumento de cidadania e transformação”, afirmou.
O superintendente regional do Trabalho, Alexandre Cantero, destacou que a II CNT é um espaço democrático de diálogo social. “É um momento de escuta e construção coletiva, em que trabalhadores, empregadores e governo debatem juntos soluções para fortalecer a formalização, a inclusão produtiva e o trabalho digno em Mato Grosso do Sul”, afirmou.
A programação da Conferência incluiu discussões técnicas, eleição de delegados e votação de propostas prioritárias, a Conferência reforçou o compromisso do Estado com um modelo de desenvolvimento baseado em emprego decente, sustentabilidade e equidade social.
Texto e fotos de Marcelo Armôa, Semadesc