Campo Grande (MS) – Aconteceu na ultima semana a etapa estadual, em Mato Grosso do Sul, da 2ª Conferência Técnica e Extensão Rural (Ater), com o tema “Ater, agroecologia e alimentos saudáveis”. A abertura dos trabalhos foi feita no auditório, do bloco B, da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco). Na sexta, as atividades foram encerradas com a apresentação de 30 proposições que serão encaminhadas a Conferência Nacional, em Brasília, que será realizada nos dias de 31 de maio a 3 de junho de 2016.
A solenidade contou com a participação de dirigentes ligados a algumas das principais entidades que trabalham com a agricultura familiar do Estado. Extensionistas e pesquisadores da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) e trabalhadores rurais que utilizam o serviço de Ater, da instituição estadual, também tiveram presença maçica no evento.
“A Agraer está atuando dentro e fora das propriedades para fortalecer a agricultura familiar de Mato Grosso do Sul. Pela assistência técnica e extensão rural acreditamos que é possível evoluir na escala de produção, de modo que possamos deixar de importar os 85% de alimentos para o Ceasa. Para isso a Agraer tem buscado valorizar o homem do campo, tanto que sempre estamos presente em feiras para expor os produtos de agricultores familiares. Já levamos mais de 600 produtores para o Show Rural [exposição de Cascavel, PR] e, em breve, estaremos na maior feira do Estado, a Expogrande”, detalha o diretor-presidente da Agraer, Enelvo Felini.
Essa já é a terceira conferência estadual promovida no País. As outras duas primeiras aconteceram nos estados de Rondônia e Ceará. Ainda faltam outras 24 edições até que seja realizada a etapa nacional, em Brasília, de 31 de maio a 3 de junho de 2016.
O encontro é fundamental para alinhar as políticas públicas, sendo o caminho para que os serviços de assistência técnica e extensão rural cheguem a um maior número das propriedades de agricultores familiares e promovam a geração de renda e a segurança alimentar.
Para a indígena Fineida Aquino, da aldeia Panambizinho, da região de Dourados, os serviços públicos de Ater é o melhor caminho para dar dignidade aqueles que anseiam ter prosperidade no campo. “Há mais de 20 anos quando a gente recebia a terra demarcada, mas depois não tinha projeto de atendimento. Mas há um bom tempo, em Dourados, contamos com atendimento de assistência rural que ajuda as famílias a saírem de uma condição muito precária para a partir daí começar a produzir”, afirmou.
Na Capital, o encontro foi sendo promovido graças a uma parceria entre o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Agraer e Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf).
”No Estado, temos cerca de 75 mil famílias agrícolas, então não conseguimos fortalecer o homem do campo se não tivermos uma extensão rural viva. Com os serviços de Ater, temos produtores que têm um pedaço de terra onde se produz 500 litros de leite. É um tipo de propriedade diversificada, com um ambiente confortável e de dignidade. Esse é o desafio da extensão rural, nós temos que estimular mais e mais casos desse tipo”, enfatizou o superintendente da Sepaf, Edwin Baur, que na ocasião representou o secretário Fernando Lamas.
Grupos de Trabalhos
Com foco na agroecologia, a conferência visa estabelecer um espaço de discussões entre profissionais da Ater, poder público e agricultores, de modo que esses encontrem o melhor caminho para a incentivar um serviço de qualidade da Ater pública voltada a produção de alimentos saudáveis.
Cerca de 200 pessoas estiveram na abertura do evento. Desse total, 150 eram delegados que foram eleitos em sua maioria nas plenárias regionais de Ater realizadas, em 2015, nas quatro regiões do Estado. Os delegados são representantes de agricultores familiares, comunidades tradicionais, extensionistas, representantes do poder público, movimentos sociais e sindicais.
Durante todo o dia de hoje, as atividades seguirão em três grupos divididos pelos seguintes eixos: Sistema Nacional de Ater – Fortalecimento Institucional, Estruturação, Gestão, Financiamento e Participação Social; Ater e Políticas Públicas para a Agricultura Familiar; Formação e construção de conhecimento na Ater.
Das discussões serão elaboradas 30 propostas a serem direcionadas para a 2ª Cnater, em Brasília. Ao final da fase nacional, um documento será construído para nortear as políticas de Ater do MDA pelos próximos anos.
No total, já foram realizadas 384 conferências de Ater pelo Brasil, entre municipais, territoriais e estaduais. Juntas, o público já soma 22.447 pessoas.
Para valorizar a temática da conferência, um espaço foi aberto para amostra e comercialização de produtos de diferentes agroindústrias familiares do Estado. Entre os empreendimentos estiveram presentes agricultores familiares que trabalham com mel, artesanatos e doces caseiros.
Participaram da mesa de honra de abertura da Conferência Estadual o diretor-presidente da Agraer, Enelvi Felini; o superintendente da Sepaf, Edwin Baur; o delegado do MDA/MS, Gerson Faccina; o secretário do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), Rodrigo Amaral; o deputado Estadual João Grandão; o superintendente do Incra, Humberto de Melo; o presidente da Fettar, Valdinir Nobre; a professora Dra. Rúbia Renata Marques, coordenadora do curso de Agronomia da UCDB (na ocasião representando a pró-reitoria da Instituição); o presidente do Sinterpa, Edimilson Volpe; a representante dos delegados da 2ª Conferência, Sandra Maria Ram; o diretor do Dater, Marenilson da Silva; a representante dos povos indígenas Fineida Aquino, da aldeia Panambizinho, e a representante do Senar/MS, Mariana Gilberto.
Aline Lira – Agraer/ Fotos: Dunga