Campo Grande (MS) – A Câmara Setorial de Floresta foi reativada em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (16), no auditório da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), com a presença de empresários ligados a entidades de classe e representantes de instituições e órgãos públicos estaduais. O secretário Jaime Verruck abriu o encontro e destacou a importância crescente do setor para a economia sul-mato-grossense, podendo levar o Estado a ter a maior floresta plantada do País nos próximos anos, e na mesma proporção vêm os desafios e demandas que precisam ser enfrentados.
A Câmara Setorial de Floresta é reativada com a participação de importantes entidades e instituições, como o Sindicato da Indústria de Carvão, a Embrapa, Ibama, Famasul, Associação de Produtores de Borracha, Reflore, Imasul, de empresas de consultoria e outras associações ligadas ao setor florestal. Para presidir a Câmara foi eleito por unanimidade o presidente da Reflore/MS (Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas), Moacir Reis, enquanto na Secretaria Executiva ficou Francisco Pacca, da Semagro.
Câmara Técnica
Nesta primeira reunião foi criada, ainda, uma Câmara Técnica para discutir a viabilidade de aproveitamento do material lenhoso disponível no Estado, proveniente de autorizações de supressão vegetal, mas que devido a uma série de entraves legais não pode ser transformado em carvão, seu destino mais apropriado. Estima-se que nos últimos cinco anos, 11 mil metros cúbicos de material lenhoso tenham sido disponibilizados no Estado, e aguardam uma definição para aproveitamento. A Câmara Técnica composta por sete membros da Câmara Setorial de Floresta vai levantar esse problema, estudar e propor soluções.
Mato Grosso do Sul tem, atualmente, a segunda maior floresta plantada do país em área, perdendo apenas para Minas Gerais, e caminha para assumir a liderança no setor. A chegada das indústrias de celulose na região de Três Lagoas impulsionou a atividade: são 1.091 hectares plantados com eucalipto, outros 21 mil ha de seringais e mais 7,5 mil ha com pinus, conforme o último levantamento disponível. “Hoje, a fabricação de celulose consome cerca de 500 mil hectares de florestas de eucalipto, metade da área plantada no Estado. Temos terras ainda com preço bom, temos chuvas bem distribuídas no Estado, temos logística, e uma política ambiental favorável, o licenciamento simplificado que oferece rapidez e eficiência”, explica Moacir Reis.
No seu entender, o setor precisa caminhar sozinho e a criação da Câmara Setorial é um passo importante nesse sentido. “O governo participa, mas algumas pautas o setor produtivo tem que encontrar a solução sozinho para realmente poder estar pautando a solução dos problemas”, disse o presidente da Câmara Setorial, porém ressaltando a condução do processo pelo governo. “O apoio da Semagro é fundamental para podermos trabalhar e desafogar o produtor, que muitas vezes tem dificuldade de entrar no negócio, comercializar.”
Moacir Reis citou alguns entraves de curto prazo que precisam ser resolvidos. “Por exemplo, hoje não temos um preço para a madeira de eucalipto definido no Estado. A gente vai poder dar referência para o produtor sobre entidades que já estão no mercado para poder definir alguns assuntos que são polêmicos. Incêndios florestais, o Estado não tem estrutura para poder combater incêndio, as empresas têm alguma dificuldade nisso.”
Empregos
Já o superintendente de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar da Semagro, Rogério Beretta, salientou o potencial gerador de empregos da produção de borracha, uma atividade nova no Estado, mas que tem crescido rápido. “Cada trabalhador consegue cuidar de 3 a 5 hectares de seringal. Já temos 21 mil hectares plantados, o que demanda entre 5 a 6 mil trabalhadores, e não temos esse pessoal qualificado”, apontou.
As Câmaras Setoriais foram instituídas como uma estratégia essencial na Gestão de Cadeias Produtivas e coordenação dos Programas da Semagro como fórum de apoio no direcionamento e operacionalização das ações desenvolvidas, proporcionando um processo de articulação e integração institucional , visando parcerias na elaboração e execução de projetos e ações de interesse do setor. Estão em plena atividade as Câmaras Setoriais Consultivas da Avicultura e Estrutiocultura, da Suinocultura, da Ovinocaprinocultura, da Apicultura, da Bovinocultura de Leite, da Horticultura, da Bovinocultura e Bubalinocultura, da Cadeia Produtiva Mineral, e agora a Câmara Setorial de Floresta.
Sobre o presidente
Moacir Reis é engenheiro florestal e gerente do Grupo Mutum, produtor de eucalipto para celulose, carvão vegetal destinado à indústria siderúrgica e ao uso doméstico.
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