Medida seria acionada em caso de falta de produtos no mercado doméstico
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, disse no Twitter que o governo está desenhando um modelo de crédito para importação de produtos agrícolas. Segundo ela, a medida seria acionada em caso de falta de produtos no mercado doméstico. “A agropecuária não está acima da natureza”, disse a ministra. “A produção de arroz e feijão foi afetada por chuvas em abundância. Não fosse este fato teríamos aumento na produção em comparação a 2014.” Ela disse que a importação nesse caso seria limitada à necessidade de abastecimento, sem prejudicar a produção interna. “Usaremos o bom senso e pragmatismo. Isto é o Estado necessário”, afirmou.
No Twitter, Kátia Abreu não disse quando anunciará a medida que deve oferecer crédito para importação. No entanto, é possível que isso ocorra nesta quinta-feira, 28, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no Palácio do Planalto. Ela fará um discurso na cerimônia. Os técnicos do Ministério da Agricultura têm corrido para fechar tudo a tempo. Esse projeto de crédito para importação foi desenhado no gabinete de André Nassar, secretário de Política Agrícola. Detalhes do plano, inclusive, foram acertados com o Banco Central durante reunião que ocorreu na última segunda-feira, 25, quando Nassar ocupava o cargo de ministro interino e recebeu Otávio Damaso, diretor de regulação do BC, e Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural.
Se confirmada, a medida pode ter efeito benigno sobre a inflação, além de vir em um momento que pode ser considerado oportuno. O País terminou 2015 com um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 10,67%, muito acima do limite de tolerância, de 6,5%. Além disso, o preço de alimentos importantes na mesa do consumidor vem apresentando altas expressivas. O arroz, por exemplo, subiu 9,65% no ano passado; o feijão mulatinho aumentou 33,02%; e o carioca 30,38%.
Ainda no Twitter, a ministra afirmou que sua Pasta apoiará os produtores que foram afetados pelos excessos de chuvas. “Estamos fazendo diagnóstico de perdas”, disse. “Estamos estimulando, através do crédito, cultivo protegido de verduras e legumes para evitar perdas de produtos e consequente alta de preços”, explicou.
Nesta quarta-feira, 27, durante reunião com embaixadores da América Latina e do Caribe, a ministra apresentou projeções de crescimento e negócios do agronegócio brasileiro. Ela afirmou que o acordo de preferências tarifárias, que atualmente o Brasil negocia com o México, pode chegar a 5 mil produtos, sendo 673 agrícolas. “É um acordo muito ambicioso que poderá servir de modelo para a região”, argumentou a ministra no encontro com os embaixadores.