A VI Reunião Bilateral Brasil–Bolívia sobre o Canal do Tamengo, realizada na quinta-feira (17), consolidou avanços importantes nas tratativas para fortalecimento da Hidrovia do Paraguai, especialmente no trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, na foz do rio Apa. O Canal do Tamengo, com cerca de 12 km de extensão, é estratégico para o escoamento da produção boliviana, especialmente de grãos, ureia e minério de ferro, mas enfrenta gargalos logísticos que encarecem o transporte e comprometem a competitividade regional.

Estrutura de captação de água da Sanesul, localizada na confluência do Canal do Tamengo com o rio Paraguai
A principal limitação está na estrutura de captação de água da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), localizada na confluência do canal com o rio Paraguai. Para evitar danos à estrutura, embarcações precisam se dividir, reduzindo a capacidade de carga por viagem. Atualmente, apenas comboios com até quatro barcaças conseguem passar pelo canal, o que eleva o custo do frete para cerca de US$ 45 por tonelada.
Para solucionar esse entrave, a Sanesul vai licitar a instalação de blocos de concreto (dolfins), que protegerão a captação de água e permitirão a passagem de comboios maiores, com até seis barcaças. A medida pode reduzir os custos logísticos em até 20% e ampliar significativamente a competitividade da hidrovia.
O assessor da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e representante do Governo de Mato Grosso do Sul na reunião, Eduardo Pereira, destacou o engajamento estadual. “O Governo do Estado está totalmente comprometido com o fortalecimento da hidrovia e reconhece o papel estratégico do Canal do Tamengo para a integração logística regional. A Antaq está trabalhando em conjunto com o Itamaraty para agregar o Canal do Tamengo à concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, dando estrutura para manutenção deste importante canal de navegação”, afirmou.
O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, também reforçou a importância do trabalho conjunto. “Vamos atuar em parceria com os governos federal e boliviano para superar esses entraves, garantir mais competitividade às exportações e melhorar a navegabilidade. Isso também impulsiona o desenvolvimento de Corumbá e de toda a fronteira oeste do Estado”, declarou.
A Bolívia estima exportar até 3,5 milhões de toneladas pelo canal até 2027. O projeto da Sanesul, elaborado em 2019, é visto como uma solução mais ágil do que as obras de dragagem e remoção de rochas previstas na futura concessão da hidrovia, que ainda dependem de licenciamento ambiental.
Durante a reunião, a diplomata do Ministério das Relações Exteriores e coordenadora da Comissão Mista Brasil–Bolívia sobre o Sistema Tamengo, Luana Melo, avaliou positivamente os encaminhamentos. “Esta reunião marca um avanço significativo no diálogo bilateral. As soluções propostas para o Canal do Tamengo são concretas e demonstram o compromisso do Brasil com a integração regional e com o fortalecimento da infraestrutura logística compartilhada”, destacou.
Além das ações imediatas, foram debatidas alternativas técnicas em estudo, como a abertura de um novo canal contornando a estrutura da Sanesul pela margem esquerda ou o uso do Canal Tuiuiú, que se conecta à Lagoa Cáceres, a cerca de 20 km de Corumbá.
Para Bismark Rosales, gerente do Porto Jennefer, as intervenções planejadas são decisivas para a economia regional. “Essas melhorias são fundamentais para reduzir custos e garantir que a Bolívia se mantenha competitiva no comércio internacional”, concluiu.
Com informações e fotos da Prefeitura de Corumbá