De acordo com o professor associado do Departamento de Tecnologia Agroindustrial da UFSCar, Octavio Valsechi, que integrou a delegação que foi ao Sudão, o governo do país árabe deseja desenvolver seu setor sucroalcooleiro com a cooperação do Brasil. Ele afirmou à ANBA nesta segunda-feira (19) que os sudaneses receberam orientação brasileira alguns anos atrás, mas aquele projeto não prosperou. O desejo, agora, é retomar o plano. Além de Valsechi, participaram da missão brasileira um integrante da Agência ABC e um diplomata do Itamaraty.Segundo Valsechi, SSC já tem a infraestrutura básica para colocar em prática parte dos conhecimentos que serão adquiridos no projeto. O plano será ser executado em quatro etapas, provavelmente a partir de fevereiro.Na primeira, especialistas brasileiros irão ao Sudão para capacitar técnicos de uma estação experimental da SSC. Na segunda etapa, os sudaneses deverão começar a desenvolver variedades locais de cana-de-açúcar. Na terceira fase, prevista para ser executada em agosto, os sudaneses virão ao Brasil e visitarão a Feira Internacional de Tecnologia Agroenergética (Fenasucro), em Sertãozinho, no interior de São Paulo, e uma usina de processamento de cana-de-açúcar. A última etapa, no Sudão, vai aprofundar o desenvolvimento das variedades. O projeto deverá consumir US$ 250 mil.
“Eles precisam de informações e conhecimento. Eles têm oito variedades de cana-de-açúcar. Usam duas, e uma delas corresponde a cerca de 95% da área plantada. É um risco grande, pois se essa cultura é atingida por uma praga, eles perdem a produção”, afirmou Valsechi, que será o responsável pelo desenvolvimento do projeto na UFSCar. O Brasil tem cerca de 500 variedades de cana-de-açúcar.
Variedades são plantas da mesma espécie, porém com pequenas alterações que as tornam mais ou menos adaptadas ao clima e ao solo. Quanto mais adaptada para uma região, maior é a produtividade de uma variedade. Como a SSC tem poucas variedades, os sudaneses se esforçam para adaptar o solo a elas. O ideal é desenvolver variedades adaptadas ao solo local.
Segundo Valsechi, o Sudão tem potencial para desenvolver o setor. “Eles têm água do Nilo, uma terra muito boa, que não é ácida. Têm muitas vantagens”, afirmou. Se esse potencial for explorado, a Sudanese Sugar Company poderá, em 12 anos, ser produtora e exportadora dos derivados da cana-de-açúcar.
Outra grande produtora de cana-de-açúcar e derivados no Sudão é a Kenana Sugar Company. Embora o governo sudanês seja o maior acionista da empresa, os governos do Kuwait, da Arábia Saudita e fundos de investimento são sócios da companhia. A Agência ABC pertence ao Itamaraty e tem como objetivo oferecer cooperação técnica do Brasil para países em desenvolvimento em diversos setores.
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