Campo Grande (MS) – Ao participar da cerimônia de desmobilização da força-tarefa que combateu por 13 dias os focos de calor na região do Pantanal e sua borda, em quatro municípios, o governador Reinaldo Azambuja agradeceu o apoio dos governos de São Paulo e do Distrito Federal e também ao Exército, pela cedência de bombeiros e aeronaves. A parceria foi essencial para uma ação mais efetiva diante da situação crítica devido a extensão das queimadas.
“Fiz questão de estar aqui nesse momento de celebrar resultados e de reconhecimento pelo esforço de cada um de vocês (bombeiros) para externar a nossa gratidão a essa maravilhosa tropa e aos parceiros, que foram muitos”, afirmou o governador, ao falar aos mais de 350 bombeiros do Estado e do Distrito Federal que atuaram na Operação Pantanal, desde o dia 20 de setembro. “Vocês, mais uma vez, conquistaram o reconhecimento da sociedade”, disse.
O ato de desmobilização da força-tarefa foi realizado nesta terça-feira (1/10), no quartel do Centro de Proteção Ambiental (CPA) do Corpo de Bombeiros do Estado, no Parque das Nações Indígenas, na Capital. Na oportunidade, foi lida uma referência elogioso do comando do CBMS a todos os combatentes, dentre os quais os comandantes da base operacional da ação, com sede em Aquidauana, os coronéis Huesley Paulo da Silva (MS) e Márcio Ferreira da Silva (DF).
Parceria de resultados
Em sua fala, o governador Reinaldo Azambuja lembrou dos momentos tensos que o Estado vivenciou na segunda quinzena de setembro, com o registro de até 600 focos de calor em um dia, e destacou a solidariedade e o comprometimento dos governos de São Paulo e do Distrito Federal em enviar reforço de homens e viaturas. “O governo do Distrito Federal, mesmo com os problemas de focos em sua região, foi parceiro e nos atendeu prontamente”, citou.
Reinaldo Azambuja também agradeceu ao ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, o apoio operacional e financeiro do governo federal, e a integração do Ibama e seus brigadistas à operação. “Tivemos o pior inverno dos últimos 11 anos, nos obrigando a decretar uma situação de emergência para que houvesse uma mobilização de todos os órgãos e meios. O esforço conjunto nos ajudou a defender esse Patrimônio da Humanidade, que é o Pantanal”, destacou.

Coronel Joílson, comandante do CBMS: articulações do governo foram fundamentais para sucesso da operação
O comandante do Corpo de Bombeiros de MS, coronel Joílson Alves do Amaral, enfatizou o espírito guerreiro e solidário dos bombeiros e citou que a presença do governador Reinaldo Azambuja ao ato de desmobilização da força “é o reconhecimento ao nosso trabalho”. Ele destacou duas ações do Estado, que considerou fundamentais, para o sucesso da operação: o apoio do governo federal e o emprego das aeronaves do Distrito Federal e de São Paulo.
Combate ao fogo no braço
O combate em linha de frente aos incêndios florestais exigiu muito além dos limites físicos e técnicos dos bombeiros de MS e do DF, no enfrentando a um terreno de difícil acesso, como em algumas regiões montanhosas e de brejo do Pantanal. O apoio aéreo, além do lançamento de água, tornou a ação mais efetiva com o deslocamento rápido dos bombeiros para áreas inacessíveis por terra. O resultado foi a extinção dos focos, com a ajuda das chuvas.
Em quase duas semanas da Operação Pantanal, muitos combatentes do fogo se destacaram pelas boas práticas e desprendimento. Um deles foi o 1º tenente bombeiro Lucas Medrado Campos, 34, citado na fala do coronel Huesley Silva. Ele foi deslocado com mais sete homens para combater um grande incêndio na fazenda Porto Ciríaco, na beira do Rio Aquidauana, entre Corumbá e Aquidauana, e o cenário encontrado foi de muito pânico.

Tenente Medrado, um dos combatentes ao incêndio mais intenso, no Porto Ciriaco: “salvamos o gado e a sede”
“Era uma linha de fogo de pelo menos 10 quilômetros indo em direção da sede da fazenda, onde, além dos moradores, havia 600 cabeças de gado e um reservatório com seis mil litros de diesel”, contou Medrado. “Depois de um sobrevoo, entramos em ação para salvar a sede, o fogo cercou o local e o combatemos por mais de nove horas sem descanso. Foi uma coisa terrível, o fogo brotava do esterço do gado, mas o vencemos no braço”, disse, orgulhoso.
Integração dos órgãos
Para o coronel bombeiro Márcio Ferreira da Silva, 44, do Distrito Federal, a participação na Operação Pantanal foi uma experiência ímpar, que será incorporada no aprendizado de sua tropa, acostumada a grandes desafios. “A união dos órgãos nos surpreendeu e foi decisiva para o sucesso da operação, onde ficou marcada a hospitalidade e o engajamento dos moradores e a ajuda dos fazendeiros, que colocaram suas estruturas a nossa disposição”, comentou.
Presentes ao ato realizado no CPA do Parque das Nações Indígenas o secretário Jaime Verruck e o secretário-adjunto Ricardo Senna, da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar); deputado José Carlos Barbosa; tenente-coronel Fábio Catarinelli, coordenador da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec/MS), e representantes do Ibama e do Imasul, além do alto comando do CBMS.
Wildfire
No fim de outubro Mato Grosso do Sul vai sediar a 7ª edição do Wildfire, principal evento na área de incêndios florestais mundial, que deve trazer amostras do que há de mais moderno para o setor exibidos por 19 empresas vindas de seis países diferentes, com produtos de alta tecnologia e inovação, e mais de 350 trabalhos serão submetidos, sendo 120 apresentações orais.
A Conferência promove cooperação internacional e ajuda humanitária, consolidando a estratégia global para gerenciamento de incêndios e manejo do fogo. O evento também abre espaço para que empresas, instituições de pesquisa e especialistas exponham novas tecnologias, produtos e métodos para manejo do fogo e controle de incêndios florestais.
Um dos principais objetivos da Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais (Wildfire) é a troca de conhecimentos entre profissionais de todas as nacionalidades ligados ao manejo do fogo e ao controle de incêndios florestais.
Participam do evento gestores, autoridades, técnicos, pesquisadores e brigadistas. Entre as atividades da Conferência estão o debate e a divulgação de trabalhos sobre os impactos do fogo em comunidades e ecossistemas em diversas regiões do mundo.
Texto: Sílvio de Andrade – Subsecretaria de Comunicação (Subcom)
Fotos: Chico Ribeiro