Mesmo com a situação desfavorável da economia em 2015, os membros da Associação de Criadores de Ovinos de Mato Grosso do Sul (Asmaco) não tiveram seu otimismo abalado. E, com o consumo da carne de cordeiro em alta, aproveitaram para ampliar seus conhecimentos, realizando encontros para troca de experiências, e inovaram na utilização de um sistema que permitiu garantir escala e, consequentemente, mercado.
Além de garantir a sobrevivência em tempos difíceis, a associação conseguiu ampliar o volume de vendas, conquistar espaço no mercado e ganhar novos parceiros, no ano que está por se encerrar.
Segundo a médica-veterinária, secretária da Asmaco, Ana Cristina Andrade Bezerra, além da parceria com instituições como a Embrapa Gado de Corte, a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) – por meio do Senar – e o governo do Estado, um dos fatores fundamentais para o crescimento que o grupo teve este ano foi a utilização da Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate (PDOA), um sistema que surgiu em 2013, o qual ofereceu aos criadores associados, sejam eles grandes, médios ou pequenos, a possibilidade de reunir os animais para encaminhá-los ao abate, entregá-los juntos no frigorífico e, assim, garantir o recebimento de valor igual por quilo.
Neste sistema, segundo Ana, a associação aciona os produtores (hoje, o contato é feito até mesmo por meio do WhatsApp) e comunica a demanda. Cada interessado avisa quantos animais tem disponível e, fechando a carga, marcam-se a data e o horário da entrega na PDOA.
Na propriedade onde está instalada a PDOA, os animais são vistoriados, devidamente marcados e cadastrados para entrega no frigorífico, que paga cada proprietário individualmente, por seus animais.
Nenhum recurso passa pela associação, que acompanha toda a transação e se responsabiliza, inclusive, pelo acordo feito com a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), que autoriza o trânsito e a pausa dos animais antes de encaminhados para o frigorífico. Por intermédio deste sistema, a associação já enviou para o abate, fora do Estado, mais de seiscentos animais.
Buscando otimizar os processos, melhorar a qualidade do produto e ampliar o rendimento dos associados, além de incentivar a criação de ovinos, a associação realiza – em média, a cada 60 dias – uma espécie de dia de campo, conhecido como Grupo de Troca de Experiências (GTE), em que um criador é selecionado para receber em sua propriedade os associados e as pessoas interessadas em trabalhar com ovinos, para compartilhar sua rotina, suas técnicas de manejo e suas ideias.
É nessa oportunidade, conforme Ana, que os criadores descobrem como lidar com as mais diversas situações, tiram suas dúvidas e trocam experiências. “A gente percebe que, cada vez que nos reunimos, eles trazem novas ideias, novos questionamentos e os resultados da execução de ações que levaram de outras edições do GTE, para suas propriedades. E isso é muito gratificante”.
ÚLTIMO GTE DE 2015
O último GTE do ano foi realizado na Fazenda Três Barras (que pertence à Fundação Manoel de Barros), no sábado (21). A unidade é um dos centros de conservação da Ovelha Pantaneira, raça em processo de reconhecimento pelo Arco, a qual já tem várias pesquisas para confirmação de suas características produtivas,
como prolificidade, baixa exigência nutricional e adaptabilidade a condições extremas de variação climática, situação comum para o Pantanal.
Kelly Ventorim, Sepaf