As vésperas do lançamento oficial da colheita do milho safrinha em Mato Grosso do Sul, conversamos com Jerônimo Alves, Secretario Adjunto de Produção e Agricultura Familiar e Superintendente interino da Agricultura e Pecuária, sobre o cenário desta cultura no Estado.
Qual a importância da cultura do milho para Mato Grosso do Sul, considerando que, segundo dados da Conab, somos o quarto maior produtor do Brasil?
Jerônimo – Mato Grosso do Sul nos últimos três anos vem produzindo em torno de oito milhões de toneladas de milho, basicamente na segunda safra, chamada também de safrinha, que aliada à soja é uma boa opção para os agricultores do Estado.
Associa-se a isso, um esforço de expansão, no sentido de atrair novas agroindústrias para o Estado e tecnificação da pecuária, que também amplia o nosso consumo interno agregando valores a este produto e amplia as oportunidades de trabalho e renda para importantes agentes de produção em nosso Estado.
De que forma atua o Governo do Estado em relação à cadeia produtiva do milho?
Jerônimo – O Governo tem diversos mecanismos de incentivo à produção, desde os serviços de defesa sanitária para o controle de pragas e doenças, executando seu papel de vigilância -inclusive nas regiões de fronteira – até o apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias para diferentes extratos de produtores. Aqui nos temos um fundo de desenvolvimento da soja e do milho, que financia tanto o desenvolvimento de pesquisas quanto ajustes nos programas voltados a melhoria dos sistemas de produção e ainda apoia a difusão disso junto aos produtores. Exemplo clássico desse esforço é a Showtec [feira anual de tecnologia e inovações agropecuárias, promovida pela Fundação MS, em Maracaju].
Assim como concede ainda incentivo fiscal, premiando a produtividade, através de um programa intitulado PDAgro [Programa de Desenvolvimento da Produção Agropecuária de MS]. Há ainda um tratamento fiscal diferenciado para atrair novas indústrias para o Estado, seja para a área da carne e mais recentemente na transformação de produtos alimentares e farmacêuticos, a exemplo do empreendimento que esta em vias de implantação em Maracaju e outro em Chapadão do Sul, onde se busca fazer o processamento do milho gerando dele etanol, um subproduto para alimentação de bovinos e ainda outros subprodutos que devem incorporar valor a nossa produção e representar uma alternativa de consumo de milho tanto pelo Mato Grosso do Sul até pelos Estados vizinhos.
A produção da safra 2013/14 foi superior ao ciclo anterior e a previsão da Conab é que a temporada 2014/15 também registre alta. O que tem contribuído para tal incremento?
Jerônimo – Nós temos avançado nos nossos sistemas de produção. Há pouco falávamos que, há um esforço de melhoria tecnológica, nos aspectos sanitários, temos avançado na agricultura de precisão, ampliamos e modernizamos nosso parque de maquinas e ainda ampliamos nossa rede de armazenagem com a participação ativa de cooperativas do centro sul do Estado.
Esses fatores representam não só estimulo ao aumento de produção, ao investimento tecnológico na cultura do milho, assim como uma nova perspectiva para que essa cultura se consolide. Associa-se a isso o fato de termos um inverno parcialmente chuvoso o que também tem nos propiciado uma condição climática favorável a implantação dessa cultura.
Aqueles produtores que tem conseguido colher a soja e plantar em tempo hábil, qual seja ate 10 de marco, nas principais regiões, tem assegurado produções crescentes, tanto em área quanto em rendimento.
É possível apontar para onde vai à produção de milho de MS e quanto, aproximadamente, é destinado ao mercado interno e externo?
Jerônimo – Nosso consumo interno, que é hoje é torno de 1,8 mil toneladas, ainda é pequeno, mas é crescente. Atendemos a avicultura, silvicultura, a pecuária de corte, que se técnifica, e a produção de leite – para o qual há um esforço de governo através de um programa para elevar os níveis da exploração no Estado – e ainda algumas agroindústrias.
O Brasil vem se auto afirmando como um exportador de milho, com participação de Mato Grosso do Sul neste esforço. Nos últimos anos o Brasil vem exportando de 20 a 25 milhões de toneladas de milho e o Mato Grosso do Sul colabora com aproximadamente 1,5 e 1,8 milhões de toneladas de milho.
A outra parte é destinada ao consumo, principalmente nos períodos de outubro a janeiro de cada ano, dos Estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, que veem no Mato grosso do Sul uma opção por conta da distancia.
Quanto ao destino na comercialização externa, isso flutua um pouco anualmente. Em 2013, 2014, exportamos para o Vietnã, Marrocos, Malásia, Irã e mesmo para os EUA, num volume menor, assim como para a Venezuela.
Para onde Mato Grosso do Sul exporta milho?
Jerônimo – A nossa produção vem sendo ampliada com a participação de cooperativas. Esse instrumento tem nos possibilitado ampliar a rede armazenadora e retermos parte dessa produção para comercialização em períodos de entressafra. Isso da tranquilidade aos produtores para que eles invistam na cultura do milho de segunda safra, que de alguma forma sofre dois riscos, um de ordem de temperaturas baixas e outro de deficiência hídrica. Na medida em que temos também reduções de riscos, como a rede de armazenagem que tem sido capaz de absorver esta produção, antevendo comercializar esse milho no período de entressafra, confere aos nossos produtores um grau de segurança tal, para o que milho não só cresça, mas também se consolide como uma boa opção de produção para os nossos agricultores, possibilitando assim também uma rotação indireta, uma vez que a soja é plantada no verão e o milho no outono/inverno, o que minimiza os problemas sanitários.