Produto e subproduto do grão movimentam carros e estão em revestimentos e até tintas
A soja está presente em nosso dia a dia, bem mais do que muita gente imagina. Além do uso em forma de alimento, o grão é matéria-prima para a indústria de não-alimentos e seus componentes e subprodutos podem ser encontrados em perfumes, cosméticos, medicamentos, espumas, tintas, revestimentos e como fonte de energia renovável para movimentar veículos movidos a biodiesel.
“Os pesquisadores dos Estados Unidos usam o grão para experimentos em várias frentes, principalmente na susbtituição de produtos na indústria petroquímica por produtos renováveis”, conta Mercedes Concórdia Carrão Panizzi, doutora em Ciência de Alimentos, Pesquisadora da Área de Genética e Melhoramento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Nos Estados Unidos, o foco dos estudos é voltado para pesquisas e desenvolvimento de cinco áreas-alvo, que incluem: adesivos, revestimentos e tintas de impressão , plásticos , lubrificantes e produtos especiais. A pesquisa na área é coordenada pelo United Soybean Board (USB),
Atuando hoje em Passo Fundo (RS), na Embrapa Trigo, Mercedes atuava antes na Embrapa Soja, com sede em Londrina. Lá, ela conta que se surpreende com pesquisas que apontavam o uso de componentes da soja na produção de tinta gráfica. No Paraná, na decáda de 1991, o jornal Gazeta do Paraná, com sede em Cascavel, utilizava essa tinta para impressão do jornal que, ao contrário de outras tintas, não tinha cheiro e nem deixava as mãos do leitores manchadas de preto.
O grão é apontado como o novo ouro. Cultivada em todo o mundo, no Brasil a soja chegou em 1941 e, em 2003, o país já ocupava o posto de segundo maior produtor mundial do grão. Atualmente, a cultura da soja responde por 42% da área cultivada com cereais, movimenta por ano US$ 70 bilhões, gera empregos para 6 milhões de brasileiros e responde por 7% do PIB do agronegócio brasileiro.
No Paraná, na safra 2014/15, a cultura ocupa 5,5 milhões de hectares de onde saíram 17,1 milhões de toneladas e renderam US$ 5,5 bilhões à balança comercial do Estado. A produtividade do Paraná é 10% superior a média nacional, de acordo com os dados do gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra.
Mercedes ressalta que para uso não alimentar, no Brasil a soja mais usada para produção do biodiesel, o mesmo combustível que abastece os ônibus de algumas linhas de Curitiba, como os ligeirões azul que fazem a linha Rui Barbosa/Boqueirão. A pesquisadora ressalta que a commoditie é utilizada para produção de óleo, e ração animal.
Produtos industrializados como concentrado e isolado proteico são muitos usados em formulações alimentares, bem como subprodutos do óleo são usados em alimentos e não alimentos, caso de cosméticos, por exemplo. Um exemplo é a licitina de soja, vendida em loja de produtos naturais.
Mercedes explica que, na Embrapa, pesquisadores desenvolvem uma trabalho na melhora genética da soja para buscar melhor sabor e outras características para diferentes usos, o que inclui uso direto como hortaliças — soja verde, brotos de soja (moyashi) e soja preta (como ervilha).
“Isso possibilitaria adição de valor, diversidade de mercado, e uma alternativa para diversificação de alimentos na dieta brasileira”, explica. Mercedes ressalta, no entanto, que esses produtos são destinados para nichos de mercado, e estão em estudos de melhoramento genético para lançamento de cultivares especiais, uma vez que aquales produtos demandam sojas com qualidades diferentes da commoditie.
FRASES
“Pesquisadores dos Estados Unidos usam o grão para experimentos em várias frentes, principalmente na susbtituição de produtos na indústria petroquímica por produtos renováveis”.
de Mercedes Concórdia Carrão Panizzi, doutora em
Ciência de Alimentos, Pesquisadora da Área de Genética e Melhoramento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).