Apesar de ser um dos países com maior abundância de terras agrícolas do mundo, apenas 1% da produção do Brasil é orgânica, ou seja, marcada pela preocupação com o meio ambiente. Em um amplo estudo de avaliação sobre o desempenho ambiental do país, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) destaca que os programas de governo para uma agricultura mais sustentável ainda são pouco expressivos no território brasileiro.
Plantação de hortaliças orgânicas na Paraíba.
“Programas de apoio, como o Programa de Agricultura de Baixo Carbono, visam a estimular uma agricultura mais sustentável e o uso eficiente de insumos. Entretanto, esses esforços continuam a ser em pequena escala”, afirma o texto.
O relatório ressalta que os subsídios agrícolas no Brasil são baixos, em comparação aos encontrados em outros membros da OCDE e entre os BRIICS (a organização inclui a Indonésia no grupo de países emergentes). No entanto, observa a entidade, o estímulo tende a privilegiar a produção e o uso de insumos, como agrotóxicos.
O estudo nota que os fertilizantes são beneficiados com isenções fiscais, o que contribui para que eles sejam utilizados em larga escala. O Brasil é o maior consumidor do mundo desse tipo de produto.
O estudo foi lançado nesta quarta-feira (4) em Brasília, com a presença do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, e dos ministros brasileiros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Os panoramas ambientais e econômico do país foram encomendados pelo governo brasileiro.
Crise abre oportunidades para economia sustentável
As avaliações visam analisar o contexto atual nestes dois âmbitos, identificando progressos mas também os pontos que podem ser melhorados. A organização observa que o momento de crise econômica pode representar uma oportunidade para o Brasil avançar rumo a uma economia limpa.
“No cenário atual de uma economia em retração, uma melhor integração dos objetivos ambientais às políticas econômicas e setoriais ajudaria o Brasil a avançar na direção de um desenvolvimento mais verde e
mais sustentável”, afirma o texto. “O crescimento econômico e a expansão urbana, agrícola e da infraestrutura também aumentaram o consumo de energia, o uso de recursos naturais e as pressões ambientais. A qualidade e a abrangência dos serviços ambientais precisam ser melhoradas.”
Desmatamento de o equivalente a um pequeno país a cada quatro anos
A entidade parabenizou a diminuição do desmatamento no Brasil, que permitiu ao país reduzir mais de 40% das suas emissões de gases de efeito estufa. Mas a organização notou que a degradação das florestas tropicais e do cerrado é uma prática “continuada”, que resulta na devastação de uma área equivalente a um pequeno país a cada quatro anos.
O estudo sublinha que faltam recursos humanos para fiscalizar as áreas protegidas. Um dos principais desafios do país é aplicar a legislação ambiental, salienta a OCDE.
Para a organização, o Brasil é um exemplo em energia de baixa emissão de poluentes: cerca de 80% da energia consumida vem de fontes renováveis, como usinas hidrelétricas e os biocombustíveis. No restante do mundo, esse índice é de apenas 22%.
M Ambiente Rio