Brasil tem bom potencial para exportação de importantes itens do agronegócio, como o café
O agronegócio, mesmo diante da recessão da economia brasileira e da crise política, deve se sobressair em 2016 e nos próximos anos. A demanda mundial por alimentos em alta e o real desvalorizado em relação ao dólar tornam a produção nacional mais competitiva, o que pode alavancar as negociações com o mercado externo. Em Minas Gerais e no País, os embarques de soja, açúcar, café, celulose e carnes bovina, frango e suína devem ser impulsionados.
As exportações também vêm garantindo maior retorno financeiro com a conversão para a moeda nacional, o que vem compensando a desvalorização dos preços de algumas commodities no mercado mundial. Com o cenário negativo no mercado doméstico, onde é esperada queda no consumo, as exportações serão o diferencial.
De acordo com o diretor de Pesquisas Econômicas da GO Associados, consultoria com sede em São Paulo, Fabio Silveira, dos grandes setores da economia nacional, o agronegócio é o que tem melhor e maior potencial para sobressair neste ano.
“A economia brasileira vai crescer pouco até o final da década, mas o agronegócio tem boa chance de ter uma evolução considerável. Um dos principais fatores é o câmbio desvalorizado, o que favorece os setores de natureza exportadora, como a soja, o açúcar, as carnes e o café, por exemplo. Com isso, as cadeias produtivas que estão integradas a essas culturas – seja pelos serviços, varejo ou indústrias – e os estados têm potencial satisfatório e uma expectativa de bom crescimento”, explica.
Ainda segundo Silveira, a busca por novos mercados será essencial para que o setor se desenvolva, por ser esperada queda no dinamismo do mercado local em 2016 e 2017, em função da crise econômica, do aumento do desemprego, da inflação e dos juros, que vêm afetando a capacidade de consumo das famílias. A retomada interna é projetada somente para 2018. A China deve continuar como grande parceira, mas a diversificação é vista como o melhor caminho.
Acordos – “Os representantes do agronegócio terão que ir a campo, buscar novos acordos na América Latina, na América Central, nos Estados Unidos e em regiões da África, por exemplo. Não se pode alimentar uma esperança de que a China vai voltar a ter um crescimento estupendo como o visto há anos, o país oriental vai ter crescimento menor, mas temos os Estados Unidos, por exemplo, com um potencial de recuperação até final da década”, observa.
Em 2016, as exportações deverão ser estimuladas, uma vez que a tendência é que o dólar continue valorizado. Na avaliação de Silveira, o real não terá uma desvalorização tão acentuada como a registrada em 2015, cerca de 50%, mas deve continuar em baixa e esse fator é um estímulo importante para setor exportador.
“O cenário não é um céu de brigadeiro, mas ainda tem bom potencial de crescimento de produção e exportação de importantes itens para o Brasil e Minas Gerais, como a soja, o açúcar, as carnes bovina, suína e frango, o café e o complexo de celulose e madeira. Contamos com recuperação da economia brasileira até final de década. Estamos em um período de forte ajuste e somente em 2018 é que deve haver recuperação mercado doméstico”, explica Silveira.