O que tornou possível a abundância de alimentos de que o mundo desfruta foi o uso de tecnologia
Os produtos orgânicos, aqueles que são cultivados sem defensivos e adubos químicos, livres de modificações genéticas e sem herbicidas, estão disponíveis em muitos supermercados.
Destina-se, entretanto, a uma elite financeira que pode comprá-los. Sua produção, pela própria proposta que encerra, sempre será restrita.
O que tornou possível a abundância de alimentos de que o mundo desfruta foi o uso de tecnologia. Entre elas a transgenia, fertilizantes e defensivos químicos, herbicidas, calcário, máquinas potentes e agricultura de precisão. Coisas proibidas na produção orgânica.
Defasados estão os que preservam aquela imagem do agricultor humilde chegando no banco, com o chapéu debaixo do braço, pedindo ao gerente, quase sempre arrogante, um empréstimo pra tocar a lavoura
O pacote tecnológico, a especialização e a mecanização das lavouras foram responsáveis pelo barateamento dos preços dos alimentos, pondo-os à disposição do povo em geral.
O sistema agrícola usado até os anos 1970 não daria conta de alimentar a crescente população mundial.
Alguns exemplos brasileiros: o feijão-soja produzia menos de 30 scs./ha, hoje mais de 60; o algodão 100 arrobas/ha, agora 250; o boi ficava 4 anos no pasto, atualmente 24/30 meses.
Esse enorme progresso no Brasil, realizado em tão pouco tempo, foi possível graças à pesquisa de grandes empresas multinacionais e alguns órgãos públicos.
Mas nada teria acontecido sem o pioneirismo, capacidade e dedicação dos agropecuaristas que tiraram “leite de pedra” aventurando-se pelas fronteiras agrícolas, transformando latifúndios estéreis em terras de alta produtividade.
Aqui em Mato Grosso, maior produtor agropecuário do país, a maioria do solo é infértil. Plantando uma semente de milho, sem corretivos e fertilizantes, no cerrado bruto, não se colhe nem o grão plantado, tamanha a deficiência nutricional do solo. Corrigido e adubado, o solo devolve mais de 200 grãos, para um semeado.
Depois de um resultado tão exuberante, tirando alimentos de onde só havia espinhos, alguns urbanos desinformados ainda difamam esses fantásticos desbravadores, taxando-os de predadores, poluidores de rios e vilões do aquecimento global.
Não sabem que para produzir, da forma recomendada pelos adeptos da lavoura orgânica, só teríamos condições de alimentar 30% da população mundial.
Ou seja, dos quase 7 bilhões de pessoas no mundo só seria possível ficar com pouco mais de 2 bilhões. O resto morreria de fome. Sim, porque a lavoura orgânica produz 1/3 da tecnificada, ou menos.
Desconhecem que a transgenia é uma potentíssima arma na produção de alimentos e que não é possível produzir, principalmente no cerrado, sem usar fertilizantes e corretivos. Ignoram que não dá pra combater as pragas e doenças sem a ajuda de herbicidas, inseticidas e fungicidas.
A não ser em uma hortinha doméstica, matando pulgões com água de fumo e catando lagartas com a mão.
Além disso, os urbanos ainda pensam que os agropecuaristas são bobós explorados por multinacionais.
Não sabem que eles usam computadores com softwares modernos, acompanham os preços internacionais dos produtos, fazem venda antecipada, travam os preços quando convém, negociam de igual para igual com as “trades”. Acrescente-se que respeitam o meio ambiente e seguem as leis de preservação.
Defasados estão os que preservam aquela imagem do agricultor humilde chegando no banco, com o chapéu debaixo do braço, pedindo ao gerente, quase sempre arrogante, um empréstimo pra tocar a lavoura.
A agricultura tecnificada garante abundância de alimentos a preços baixos. A orgânica sempre será um nicho, acessível a poucos que podem pagar por ela.
Esta, a orgânica, sempre atenderá a uma elite; aquela, a tecnificada, matará a fome dos 9 bilhões de pessoas que em breve povoarão a terra.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor EM Cuiabá.
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