Produtores rurais de Barra Mansa, no Sul Fluminense, plantam 15 mil mudas de mata nativa. Com isso, elevaram a produção e o número de empregos na região
A preservação das nascentes é a esperança dos agricultores para a recuperação da 40% da produção perdida com a falta de chuvas registradas nos últimos meses e só amenizada um pouco recentemente. Nas margens de cada nascente foram plantadas 500 mudas de várias espécies da mata nativa, incluindo plantas frutíferas como pitanga, goiaba, aroeira, amora, pau brasil, amora, ingá e paineira rosa.
“A seca e a falta de recursos financeiros ainda é muito grave. Mas os produtores estão dando exemplo de como superar adversidades. Constituindo micro e pequenas empresas e salvando pequenas nascentes, já alcançaram, no período de safra, a produção mensal de 600 toneladas de 22 tipos de folhosas, aumentando o número de 600 para 800 empregos diretos e indiretos no campo”, afirma o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Carlos Roberto de Carvalho, o Beleza.
Luiz Flávio de Almeida, de 47 anos, que herdou do pai, Humberto de Almeida, 82, a habilidade de plantar hortas no terreno de três hectares da família, abriu com um sócio a Processados Santa Rita, que higieniza e empacota a vácuo as seis toneladas de alface, couve, brócolis, agrião e mais outros 18 tipos de hortaliças que colhe semanalmente.
“Aumentamos nosso faturamento em 50%, pois agora, além de supermercados e feiras livres da região, estamos fornecendo para cozinhas industriais, inclusive de outros estados, como Minas Gerais”, ressalta Luiz Flávio, que passou a vender para supermercados de Juiz de Fora. Ele conta que dobrou o número de empregados em sua propriedade: agora são 16.
Para Beleza, a recomposição da Mata Atlântica é a única saída para a manutenção da produção agrícola em Santa Rita. “A situação da seca ainda é muito grave e pode piorar”, alerta o secretário, lembrando que o plantio de 15 mil mudas de árvores até agora ocorreu em parceria com a Oscip Piratingaúna.
A pior colheita dos últimos 10 anos
A seca que ainda assola a maior parte da Região Sudeste fez diminuir consideravelmente o nível de água no Córrego Santa Rosa, o principal manancial que abastece os agricultores de Santa Rita de Cássia. Resultado: ano passado os produtores amargaram a pior colheita nos últimos dez anos.
“Aí despertamos os trabalhadores rurais da necessidade de se recuperar as nascentes. Já revitalizamos 30 delas”, diz o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Santa Rita de Cássia, Adilson Rezende.
Para ajudar os produtores rurais a legalizarem seus negócios e enfrentar a crise, a prefeitura também tem incentivado a inscrição deles no Cadastro Ambiental Rural (CAR). A ferramenta, que tem alcance nacional, reúne informações ambientais das propriedades e posses rurais, que sustentam com suas lavouras aproximadamente mil famílias.
“O cadastramento é importante. Já usei crédito rural e, caso precise utilizar novamente, a falta do cadastro não será mais um impedimento”, comentou a produtora Maria Elizabete de Oliveira Nogueira, 37. Vicente Augusto de Almeida também fez o cadastramento. “Toda organização é boa e o produtor tem mesmo que estar com a documentação em dia. Só assim vamos crescer”, disse ele.
O dia