Campo Grande (MS) – Para auxiliar os piscicultores de Mundo Novo que tiveram a produção prejudicada pelas fortes chuvas que assolam a região Sul do Estado, desde o final de novembro, a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) irá disponibilizar 100 toneladas de calcário e 300 horas de operacionalização de máquinas escavadeiras para recuperação dos tanques.
De acordo com o diretor-presidente da Agência, Enelvo Felini, a ação cumpre as determinações do governador Reinaldo Azambuja, por intermédio da Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar). “É um pedido dos pequenos produtores que o Executivo Estadual vem atender. O calcário será utilizado na recuperação do pH do solo do fundo dos tanques e o trabalho com as máquinas será no reparo dos tanques que tiveram as estruturas comprometidas com as enchentes”, explica.
Por conta do mau tempo, o rio Iguatemi que banha Mundo Novo chegou a subir quatro vezes mais, o que acarretou não só as enchentes como a liberação de milhares de peixes para o próprio afluente, além da mortalidade de muitos alevinos.
Logo que as chuvas começaram a cair, os produtores posicionaram telas de segurança de 1,2m, de altura, ao redor dos tanques, na expectativa de conter a fuga dos animais. Contudo, o nível da água se elevou tanto que atingiu mais de 1,5 m, o que tornou o uso dos equipamentos ineficaz.
Preocupado com a segurança das pessoas que moram ou trafegam pelas cidades atingidas pelas enchentes, o governo do Estado tomou diversas medidas, ainda em dezembro, para contornar os estragos. Obras que compreenderam a reconstrução de 47 pontes destruídas pelas chuvas, a reforma de mais 54 pontes e a recuperação de 140 vias intransitáveis nas regiões afetadas.
Em Mundo Novo, a data para liberação dos insumos e maquinários ainda não foram divulgadas. Mas a expectativa é de que a ação seja feita nas próximas semanas. “Muitos tanques ainda se encontram alagados o que impossibilita o trabalho. Mas estamos em comunicação com o Município, através de nosso escritório local, prefeitura e Câmara Municipal para que em os trabalhos sejam iniciados o mais rápido possível”, garante Felini.
Prejuízos na produção
Na propriedade do senhor João Andregeski Borke, por exemplo, o nível da água surpreendeu o produtor que mora na região há mais de 20 anos. “Nunca tínhamos visto o Iguatemi subir tanto. Em 2005, ele tinha chegado a subir, mas não tanto assim. Estou desde 1994 nessa propriedade e nunca vi nada igual e tem gente que mora na região desde 1967 que diz que também nunca tinha visto algo assim”.
Segundo Borke, o sítio fica a mais de um quilômetro de distância da margem do Iguatemi. “A preocupação só não é maior porque trabalhamos com peixes já introduzidos na bacia do rio, como o cat fish, tilápia e pacu. Acredito que a gente possa salvar de 20 a 30 por cento da produção, mas os prejuízos podem chegar a 70%”, informa o produtor.
Aline Lira – Agraer