Campo Grande (MS) – A Agência Estadual de Metrologia (AEM-MS), órgão do governo do Estado vinculado à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade) e delegado do INMETRO, participou de reunião técnica na última terça-feira (26), na sede do INMETRO no Rio de Janeiro, sobre a Certificação Halal – alimentos e produtos industrializados preparados de acordo com as orientações da lei islâmica.
Para o secretário da Semade, Jaime Verruck, trata-se de um mercado promissor para Mato Grosso do Sul, já que em 2015, foi constatado que mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo é de origem muçulmana e os 57 países majoritariamente muçulmanos possuem PIB de quase 7 trilhões de dólares. “Sem dúvida alguma, a produção de alimentos e produtos feitos sob as orientações da lei islâmica é interessante para a diversificação econômica de Mato Grosso do Sul. Diante desse fato, foi de fundamental importância a presença da AEM-MS nesta reunião, já que as nossas empresas que ainda não são certificadas, mas que possuem potencial para isso, terão a oportunidade de conhecer de que forma podem ser inseridas no mercado halal”, comentou.
A diretora executiva da AEM-MS, Laura Castro Carrillo Rosa, representou o órgão sul-mato-grossense na reunião em que estiveram presentes o presidente nacional do INMETRO, Luís Fernando Panelli Cesar, além de representantes das áreas de relação internacional, de certificação e de conformidade do INMETRO, Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS – e da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
De acordo com Laura Castro, a FAMBRAS apresentou os aspectos do mercado halal no mundo e os desafios de atender aos requisitos de fabricação de produtos ao mercado islâmico global. “Torna-se necessário criar uma harmonização de procedimentos, de forma que sejam construídos critérios que possam padronizar a forma de produção e que o INMETRO acredite as certificadoras que certificam as indústrias para gerar mais confiabilidade ao processo”, explicou.
A diretora executiva da AEM-MS adiantou que será realizado um seminário entre as entidades envolvidas para que o INMETRO possa apresentar a metodologia e, dessa maneira, estabeleça uma regulamentação sobre o assunto, por se tratar de algo que até o momento não possui escopo. “A intenção é que haja cada vez mais industrias aptas a comercializar estes produtos, sobretudo as de Mato Grosso do Sul. Cabe ressaltar que também existem produtos de origem diferente dos alimentícios, tais como cosméticos, fármacos, vestuário, etc”, finalizou.
O QUE DIZ A LEI ISLÂMICA SOBRE A CERTIFICAÇÃO Para conseguir o selo halal, é preciso seguir regras estritas, que vão da forma de abate dos animais até a industrialização
Os frigoríficos habilitados para produzir carne com certificação halal devem ter a área de abate ou os ganchos da linha de produção direcionados para Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos, para que, no momento do abate, o animal esteja com o peito voltado para essa direção.
O abate deve ser feito o mais rápido possível, a fim de que o animal tenha morte instantânea, sem a liberação de toxinas que contaminem a carne.
Todo tipo de vegetal é considerado halal, com exceção dos contaminados por pesticidas, dos venenosos ou que produzam efeitos alucinógenos.
Todo vinagre é halal, exceto os provenientes de vinho e o vinagre balsâmico.
Os derivados de origem animal usados nas indústrias de alimentação só serão halal se o animal for sacrificado conforme os preceitos da lei islâmica.
Apenas os queijos processados por meio de coalho microbiano recebem o selo halal.
Só as gelatinas extraídas de peixes e vegetais são consideradas halal. No Brasil, a maioria das gelatinas comercializadas é de origem suína, portanto, impróprias para o consumo dos muçulmanos.
As ‘capas’ adotadas pela indústria para envolver os produtos embutidos halal devem ser atóxicas, livres de álcool e de gelatina suína
Fonte: PEGN/Ed. 257