Profissionais poderão agir como multiplicadores dos dados sobre a doença
Discussões e trocas de conhecimento marcaram a capacitação realizada nesta terça-feira, dia 17, por meio do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Com a palestra ministrada pela pesquisadora da Embrapa Pantanal Márcia Furlan sobre anemia infecciosa equina (AIE), os participantes entraram em contato com informações que poderão ser repassadas a produtores e trabalhadores rurais.
“Isso suscita a reflexão a respeito do assunto. Pensando sobre o tema, a gente vai conseguir encontrar outras soluções para lidar com a anemia infecciosa equina, com outras pessoas pensando a respeito, vendo a questão por aspectos diferentes”, afirma Márcia. A enfermidade, que hoje atinge cerca de 40% dos equídeos (cavalos, burros, mulas e jumentos) na região pantaneira, é transmitida por meio do contato com o sangue contaminado, de acordo com a pesquisadora. Por isso, é preciso tomar cuidado: segundo Márcia, manejo sanitário inapropriado é a principal via de transmissão da AIE.
“No caso da anemia infecciosa, a gente sabe que o ser humano é o maior propagador da doença com práticas inadequadas de manejo, principalmente com a questão das agulhas e seringas compartilhadas. Isso poderia ser facilmente resolvido”, diz. As ações para prevenir a disseminação da AIE são simples: higienizar a tralha dos animais com água e sabão, usar agulhas e seringas descartáveis e descartá-las apropriadamente, em recipientes plásticos resistentes (como garrafas pet) que devem ser entregues à agência estadual de defesa sanitária.
Experiência no campo
Para o médico veterinário Felipe Balbueno, existe uma certa dificuldade em fixar as informações sobre a prevenção da doença nas fazendas pantaneiras em função da grande rotatividade das equipes de trabalho. “Está complicado achar mão de obra boa e qualificada. Então, temos muito giro de funcionários. Por causa disso, você não consegue controlar o uso da tralha – freio, baixeiro, chincha, barrigueira – realizado por essas equipes, por exemplo. A quantidade de animais necessária nessas fazendas é grande, o que também dificulta a situação”.
Já o veterinário Janes Bernardino ressalta que há resistência por parte dos donos de propriedades rurais em confirmar se os animais estão infectados ou não. Ele conta que um dos primeiros contatos com essa resistência aconteceu quando Janes tentou adquirir animais para uma propriedade no Pantanal do Paiaguás. “Eu tive a preocupação de comprar animais com exames negativos para a doença. A primeira coisa que ouvi foi: “na minha tropa, não se faz exame. Se quiser comprar, compra”, diz. “Como muitos desses animais não vão sair da propriedade, o dono fica quieto, aceita a situação do jeito que está. Ele sabe que não vai ter como curar o animal infectado e resolver o problema”.
Situações como essas contribuem para a dificuldade de se diminuir a prevalência da doença na região pantaneira, segundo a pesquisadora da Embrapa Pantanal. Porém, as ações de prevenção são uma importante alternativa para impedir que ela se dissemine. Por isso, a participação dos médicos veterinários na capacitação desta terça teve grande importância. “A única forma palpável que temos de combater a anemia infecciosa equina atualmente é falando sobre a prevenção e levando a educação sanitária onde ela tem que ser levada”.
Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal
pantanal.imprensa@embrapa.br
Telefone: +55 (67) 3234-5957