A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) avaliam realizar um levantamento das oportunidades para uso de robótica e automação em frigoríficos de carne bovina no Brasil, informaram representantes destas entidades à CarneTec.
O trabalho discutido entre Abiec e pesquisadores das áreas de robótica e biomecânica da UFSC visa a identificar atividades nos frigoríficos em que a automação pode ser aplicada mais facilmente, trazendo melhor custo-benefício para a indústria de carne bovina, segundo o diretor executivo da associação, Fernando Sampaio.
“Tem havido um interesse crescente da indústria na automação, principalmente porque a indústria frigorífica sempre foi de automação muito difícil: a matéria-prima muda de tamanho, a carcaça pode ser mais pesada, maior ou menor”, disse Sampaio, à CarneTec, em entrevista recente. “Mas há algumas atividades consideradas mais perigosas que temos interesse em mapear para iniciar esse processo de automação.”
A movimentação das carnes entre caminhões e frigoríficos é uma das atividades em que o uso da automação faria mais sentido para a indústria, segundo um pré-levantamento realizado pelos pesquisadores da UFSC, disse o coordenador do Laboratório de Robótica, professor Daniel Martins.
“Nesse processo, uma série de questões ergonômicas são infringidas”, explicou Martins àCarneTec na semana passada. “Mas precisamos também ir aos frigoríficos e ouvir deles o que eles consideram ser mais crítico”, acrescentou.
Por causa do grande peso que os trabalhadores carregam ao movimentar as carnes, esta atividade tem sido motivo de ações trabalhistas após fiscalizações do Ministério Público do Trabalho.
O uso de braços mecânicos para carregamento do produto entre caminhão e frigorífico, por exemplo, acabaria com essa atividade considerada insalubre, ao mesmo tempo em que geraria empregos mais qualificados para operação dos equipamentos, explicou Sampaio.
Já a desossa é uma das atividades em que a implantação de robótica seria mais difícil, já que exige muita precisão dos movimentos, segundo Martins. “Regular a força no robô ainda é um processo tecnológico muito complicado. Existe automação do corte, mas há certas atividades que são mais complexas e mais custosas, e é por isto que precisamos dosar e ver com as empresas o que elas querem”, disse o pesquisador.
Além do estudo, Sampaio disse que também está sendo avaliada a realização de evento, ainda em 2016, sobre o uso da automação e robótica nos frigoríficos de carne bovina.
Por Anna Flávia Rochas CARNETEC