Participação de fêmeas no abate de bovinos de janeiro a setembro de 2016 foi de 39,35%. Movimento é um dos indícios da virada de ciclo
Em um momento de indefinições sobre o futuro da pecuária, a retenção de fêmeas levanta uma alerta em relação à virada do ciclo pecuário. O movimento, geralmente, é um dos indicadores de que as cotações do setor começam a cair ainda mais, em função de uma supersafra de bezerros nos anos seguintes.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos três primeiros trimestres deste ano a participação das fêmeas no total de abate bovinos foi de 39,35%, menor índice para o período desde os 36,17% de 2010, ano em que se iniciou a virada do ciclo pecuário de baixa que se manteve até meados de 2013.
O atual momento de retenção de matrizes é justificado pela alta cotação do bezerro nos últimos anos. De acordo com pesquisa da Scot Consultoria, o preço do bezerro desmamado subiu 85% do início de 2013 até o final de 2015, tornando a atividade de cria altamente valorizada.
No entanto, desde o início do ano a categoria tem apresentado seguidas quedas, acumulando o recuo de 13%, o que pode aumentar o número de fêmeas abatidas no último trimestre de 2016. “Vale ressaltar que esse incremento está ligado a um reajuste de preço em função da valorização da categoria nos últimos anos”, destaca Isabella Camargo, analista de mercado da Scot Consultoria.
Por outro lado, Lygia Pimentel, da Agrifatto, afirma, desde meados de julho, que essa desvalorização é o principal indício de que o ciclo já virou. “Esse recuo é a porta de entrada do ciclo de baixa, que deve derrubar as cotações nos próximos anos”, destacou a analista