Assisti a um documentário sobre a família Dervaes que vive na Califórnia, Estados Unidos. Este documentário me reviveu a esperança nas possibilidades da autonomia alimentar e até mesmo financeira que podemos ter com a agricultura em pequenos espaços urbanos.
A família Dervaes produz grande parte do que necessita para a sobrevivência e ainda vende o que planta em uma área de apenas 370 metros quadrados. Segundo o documentário, a família levou aproximadamente 20 anos para conseguirem preparar a terra adequadamente, pois era seca e infértil e hoje a área apresenta uma terra úmida e capaz de produzir muito alimento.
Depois de tudo isso, muitos ainda dizem que plantar sem usar veneno não é viável! Talvez não seja viável para os grandes empresários do agronegócio ou os que almejam simplesmente a obtenção de lucros exorbitantes e em nenhum momento estão pensando em alimentar verdadeiramente a nação e principalmente a comunidade que os cerca.
O que estamos fazendo como município e principalmente como famílias e indivíduos? Em Hortolândia, a projeto do vereador Zezé para promover “Hortas Comunitárias” não foi aprovado e não sei qual foi o motivo alegado pelos pares. No executivo, apoiam a agricultura familiar por ordem do Estado de São Paulo. O governo federal também apoia, mas quem realmente fica com a grande parte do financiamento agrícola são os empresários ligados ao agronegócio que, no entanto, são responsáveis por pequena parcela do que chega às nossas mesas.
O que fazer então? Sair às ruas e protestar para que o governo apoie a agricultura familiar e incentive a produção de orgânicos além de pedir a abolição dos agrotóxicos no Brasil? Até funcionaria, mas para as pessoas saírem às ruas com estes ideais é porque já houve uma mudança significativa da sociedade como um todo.
Segundo Jules Dervaes a mudança deve começar em nós mesmos. Não podemos esperar pelo poder público para realizarmos mudanças pessoais:
Não espere que os outros mudem, você tem que começar a mudar a si mesmo. Os governos não podem fazer isso e as multinacionais não querem fazer isso. Então o que nós temos que fazer é olhar pra si mesmos e fazer a pergunta – O que eu posso fazer? Porque a mudança começa em mim (Jules Dervaes).
Para o filho de Jules, tudo isso é simples apesar do trabalho que é exigido:
Não há modelos a serem seguidos. Nós simplesmente fizemos! (Justin Dervaes)
Há pouco tempo consegui um terreno próximo de onde moro e estou “simplesmente começando a fazer” e, convido o leitor a refletir e colocar em prática este exemplo, da família Dervaes, em sua casa, terreno baldio e até mesmo motivando as famílias carentes a se emanciparem na questão alimentar e financeira. Como o documentário diz, “produzir comida é a única e verdadeira forma de protestar” e “mudar a nós mesmos”.
Em nossa sociedade, produzir a própria comida é a verdadeira forma de protestar, que realmente pode e vai ser capaz de subverter, tornando-se um dos atos mais radicais. É a única e verdadeira forma de protestar que realmente pode e vai ser capaz de subverter o poder corporativo. No processo deste trabalho diretamente em harmonia com a natureza, fazemos a coisa mais essencial para mudar o mundo… Mudamos a nós mesmos!