Não se assuste com frases de efeito. Elas são batidas, mas ainda fundamentais para nos alertar do óbvio que teimamos em não enxergar.
Não se assuste com frases de efeito. Elas são batidas, mas ainda fundamentais para nos alertar do óbvio que teimamos em não enxergar. Quando o cinto aperta e a corda parece estar no pescoço, vem aquele sentimento de derrota, que deixa o empresário entregue às circunstâncias, à espera do último empurrão para o abismo. Todas as notícias parecem mensagens cifradas sobre o juízo final e não aparece um cristão a lhe apontar um caminho seguro. O céu fica pesado. O cadafalso e o dilúvio. Cena de um filme dramático.
O gerente do banco não quer mais conversa. Aquela mesma pessoa que babou ovo em sua frente ao analisar o seu projeto, vislumbrando alta rentabilidade, prefere agora a montanha e observa tudo à distância, de binóculo.
Sua clientela habitual também debandou e está vendendo o almoço para comer a janta. Porque o primeiro, só opera bem quando você não precisa de dinheiro ou tem garantias sólidas para quitar o empréstimo, o que não vem ao caso. O segundo, também está na mesma maré brava, à espera de uma arca para se salvar.
Sem ter a quem pedir socorro, começam as teorias conspiratórias. A culpa é sempre do governo, da política econômica, da falta de visão da sociedade, que escolhe os piores representantes e não compreende a economia de mercado. Não há dúvida sobre essas verdades eternas. O brasileiro médio não tem mesmo compreensão segura sobre como uma sociedade livre deveria funcionar e prefere apostar em governos populistas, assistencialistas etc, que só atrapalham a vida dos empreendedores.
Porém, nada de novo sob o sol. Desde que o samba é samba é assim. Não adianta chorar o leite derramado.
O Brasil vive de ciclos desde sua origem. Não é de hoje que o amanhã, tido como o prenúncio do paraíso, se torna de repente, a consumação do inferno. Por isso, é muito difícil ser empresário nesse terreno em que Pero Vaz Caminha dizia em áureos tempos: em se plantando, tudo dá. Por sinal, ele foi o pai de todas as fantasias de sucesso em terra brasilis.
E como se sai desse terreno metafórico e desastroso para o campo da realidade? Com uma visão concreta sobre os fatos. No mundo empresarial não existe fantasia e todo ganho fácil pode ser apenas uma ilusão de ótica no longo prazo. Ter percepção de longo prazo é ter consciência de que vivemos por ciclos. Ou seja, se hoje está bom, se prepare, porque algo de errado está se anunciando. É lamentável. Mas, por enquanto, é isso mesmo. Por isso, poupe, invista, se prepare para os momentos difíceis. É com a vaca gorda que devemos estocar o cilo e não o contrário. Para passar a invernada, o sal já deve estar ganho.
Tudo isso se faz com gestão profissional. A verdadeira eficiência da gestão é quando você está com o negócio no bom momento, faturando, pagando, sobrando, mas não se esquece de investir em produtividade, em poupar para um fundo garantidor, ajustar sua equipe profissionalmente. No entanto, o que acontece é o inverso. Nesse
momento muitas empresas começam a negligenciar por achar que as condições financeiras são favoráveis e que o cenário será por muito tempo o mesmo, de pujança. Gasta sem medida e fica sem provisão em caso de mudança
brusca de rota. Se o tempo fecha, é um Deus nos acuda. Mas aí, a vaca já está no atoleiro. E só com muita paciência e novos furos no cinto vamos tirá-la de lá. Mas este é assunto para outro artigo