O produtor precisa aprender a diagnosticar corretamente o problema e aplicar as técnicas adequadas para o controle
O produtor rural está acostumado a combater pragas como o percevejo da soja, a ferrugem asiática e lagartas como a Helicoverpa armigera. No entanto, o agricultor ainda peca na hora de combater os nematoides. “Como são organismos muito pequenos, o diagnóstico é difícil”, diz a doutora em Fitopatologia Maria Amelia dos Santos, professora da Universidade Federal de Uberlândia. Confira informações essenciais para lutar contra esse problema, que prejudica principalmente as lavouras de soja e de milho.
1 – Aprenda a identificar o parasita
Os nematoides são parasitas que atacam as raízes das plantas, prejudicando a absorção e a translocação de água e nutrientes. Entre os sintomas desse parasitismo, há o engrossamento nas raízes (galhas), desfolhamento, manchas amarelas, redução de produtividade, necrose e até mesmo a morte da planta. “Os sintomas se assemelham às deficiências nutricionais”, diz Maria Amelia. Segundo a professora, as reboleiras são um indicativo da presença de nematoides. Quaisquer áreas da lavoura que apresentem manchas devem ser investigadas. “Se o produtor não agir, o problema vai aumentando”, diz a professora.
2 – Diagnóstico certeiro
Há inúmeras espécies de nematoides, entre eles o Meloidogyne incógnita, Pratylenchus brachyurus, Rotylenchulus reniformis, Heterodera glycines. O Meloidogyne javanica causa a formação de galhas de variados tamanhos e um possível engrossamento irregular das raízes da planta. Mesmo com esse sintoma visível, é muito difícil identificar as espécies de nematoides a olho nu. Só é possível conseguir um diagnóstico preciso e confiável com o envio de amostras de raízes para análise em laboratório. No laboratório da Universidade Federal de Uberlândia, por exemplo, o serviço de análise nematológica custa R$ 10 por amostra.
3 – Não generalize o problema
Segundo Maria Amelia, é comum a incidência de mais de uma espécie de nematoide. Plantações de soja podem ser atacadas por oito parasitas ao mesmo tempo, por exemplo. “Conhecer o problema é fundamental para o manejo”, diz ela. Porém, segundo a professora, a maioria dos produtores generaliza o parasitismo e quer uma única solução para todos os nematoides. “Há uma gama de espécies que são completamente diferentes em tudo. Consequentemente, o manejo tem de ser diferente.”
4 – Limpeza de maquinário
A limpeza de maquinário é essencial para controlar os parasitas. A terra que fica aderida nos pneus das máquinas é levada para outras áreas da fazenda, colaborando para a multiplicação dos nematoides. Por isso, é fundamental que as máquinas sejam limpas regularmente com um jato forte de água capaz de remover todos os resíduos de terra. Também é recomendado iniciar a atividade com as máquinas agrícolas em áreas onde não há nematoides e, por último, trabalhar nas áreas contaminadas.
5 – Rotação de culturas
Plantações de soja, milho, algodão e feijão são parasitadas pelos mesmos tipos de nematoides. Por isso que, cultivadas em safras sucessivas, essas plantações favorecem o aumento da incidência dos parasitas. Para quebrar esse ciclo, é preciso buscar variedades de sementes resistentes ao parasita ou introduzir culturas antagônicas. A rotação de culturas com a aveia preta, por exemplo, é indicada para controlar o nematoide Pratylenchus brachyurus. A recomendação é que o produtor investigue o problema com cautela, consiga diagnosticar o parasita e aplicar a técnica recomendada para cada tipo de nematoide.
6 – A amostragem deve continuar
O controle dos nematoides deve ser feito constantemente. “Manejar nematoide é um trabalho de médio prazo”, diz Maria Amelia. Segundo a professora, a amostragem deve ser feita periodicamente. O ideal é que esse trabalho seja realizado duas vezes a cada safra, com a coletar de amostras de raízes caminhando em zig-zag pela área da fazenda, seguindo as orientações do laboratório escolhido para a análise.
Por Darlene Santiago