A possibilidade da utilização de áreas não apropriadas para agricultura na criação de ovinos fez com que a ovinocultura no Brasil, fosse revalorizada, com a devida substituição do ovino-lã pelo ovino-carne. A divulgação da excelência da sanidade junto com a sofisticação que essa carne ganhou, elevou o valor do quilo do animal vivo, em dez anos, de R$ 1,00 para até R$ 7,00 nos dias de hoje.
Principalmente na pequena e media propriedade, a ovinocultura – que é passível de ser consorciada com diversas outras atividades – pode representar um incremento significativo nos rendimentos do produtor, além de oportunizar que toda a família trabalhe com os animais, que oferecem menor risco do que quando se trabalha, por exemplo, com gado bovino, que tem maior porte ou com maquinário, que exige especialização, no caso das lavouras. O baixo custo de implantação também é um dos fatores positivos.
Em Mato Grosso do Sul, a atividade é hoje, a opção ideal para o produtor que tem interesse em diversificar sua produção e ampliar seus rendimentos. A afirmação é do Coordenador de Pecuária da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf), Rubens Melo.
Segundo Rubens, Mato Grosso do Sul tem em funcionamento um sistema inovador que trouxe a solução para um dos maiores gargalos de comercialização quando se fala em produção de ovinos em escala.
A PDOA – Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate – é um sistema que permite que diversos produtores, sejam eles pequenos, médios ou grandes, reúnam seus animais para encaminhar ao abate, suprindo a demanda do mercado no que diz respeito a quantidade e qualidade.
Implantada no Estado resultado dos esforços do Governo, Famasul, MAPA, Câmara Setorial e Embrapa, o sistema, que já funciona numa propriedade em Campo Grande há pouco mais de dois anos, é gerido pela Associação Sulmatogrossense de criadores de ovinos (Asmaco).
A Associação trabalha desde o contato com os produtores para selecionar os animais, passando pela negociação de preço com o comprador (frigorifico), a realização do trabalho voltado as questões de sanidade, e ainda garante a todos os produtores o mesmo valor por quilo e o recebimento direto em sua conta bancária.
Hoje são abatidos até 200 animais por mês, através do trabalho da Associação, com uma parte dos embarques passando pela PDOA e outra parte orientado para entrega direta ao frigorífico.
A instalação de uma PDOA em São Gabriel deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano e segundo secretaria da Asmaco, a Médica Veterinária Ana Cristina Andrade Bezerra, diversos gestores e produtores de outros municípios tem visitado a unidade e participado dos encontros de troca de experiências que a Associação realiza, para conhecer o sistema e se inteirar do desenvolvimento da atividade no Estado.
Para Ana, com a demanda superando a oferta, o Governo do Estado e os parceiros atentos a essas transformações positivas e a PDOA sendo utilizada com sucesso, está claro que a atividade é hoje uma das mais promissoras e interessantes para quem está disposto a diversificar para ampliar os rendimentos.
Através da Secretaria de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf), a Câmara Setorial de Ovinos e parceiros como o Sistema Famasul, o Governo do Estado vem estudando a implantação de um projeto piloto voltado especialmente para os assentamentos de Mato Grosso do Sul, que estiverem organizados através de associações ou cooperativas.
Preliminarmente, os estudos já realizados pelo grupo que trabalha no projeto, observou que em algumas situações, dado o tamanho dos módulos das propriedades nos assentamentos, alguns agricultores familiares que demonstrarem interesse em trabalhar na atividade terão que produzir em conjunto para garantir escala. Dai a importância, segundo Rubens, de que estejam organizados em associações ou cooperativas.
Neste projeto será utilizado o sistema da PDOA e os de melhoramento genético de animais.
Acompanhando o crescimento da atividade, no inicio desse mês, a Embrapa lançou um projeto de aproveitamento integral de carne ovina, a partir de ovelhas mais velhas e de descarte – porém ainda com bastante qualidade nutricional -apresentando uma produção de presuntos crus defumados e não defumados, copas, presuntos cozidos, mortadelas, hambúrgueres e até bacon. Para Rubens, este é mais um sinal de que a atividade está e deve permanecer em alta.
Kelly Ventorim, Sepaf